INFLUÊNCIA DA DIETA MATERNA PERINATAL SOBRE O ESTRESSE OXIDATIVO NO SISTEMA NERVOSO CENTRAL DA PROLE E SUA RELAÇÃO COM AS DOENÇAS NUROGÊNICAS
nutrição materna; balanço oxidativo; espécies reativas de oxigênio; antioxidante; comportamento; encéfalo
Introdução: A dieta materna durante a gestação e lactação é um fator que pode influenciar a atividade de enzimas e níveis de biomarcadores relacionados ao estresse oxidativo no sistema nervoso da descendência. Objetivo: realizar uma revisão sistemática da literatura para investigar os efeitos da dieta materna durante o período perinatal sobre o estresse oxidativo no sistema nervoso central (SNC) da prole e sua contribuição para o desenvolvimento das doenças neurogênicas. Métodos: Foram realizadas buscas nas bases de dados Pubmed, Embase, Web of Science, Scopus, Lilacs e Cochrane entre dezembro de 2020 a janeiro de 2021 com atualização em janeiro de 2022. Dois revisores independentes extraíram os dados e avaliaram a qualidade dos estudos incluídos. Resultados: Foram encontrados 2.563 trabalhos, que passaram por etapas de exclusão de duplicatas, leituras e avaliações. Vinte e seis artigos foram incluídos na revisão. Na maior parte dos trabalhos, o insulto ocorreu durante a gestação e lactação. As modificações mais frequentes utilizaram dietas hipoproteicas, modificação nos lipídios (quantidade ou tipo de gordura) e de micronutrientes (como vitaminas C, D, E, B9, B12, cobalamina, colina, e o mineral vanádio). As regiões do SNC mais estudadas foram encéfalo, tronco encefálico, córtex cerebral, cerebelo e hipocampo. Dentre os marcadores mais estudados de estresse oxidativo, estavam níveis de malondialdeído (MAD), proteínas carbonilas, glutationa (GSH) e glutatina dissulfeto (GSSG) e atividades de enzimas, como superóxido dismutase (SOD), catalase (CAT), glutationa peroxidase (GPx), glutationa redutase
(GR). Nos estudos com dieta materna hipoproteica, foi observada, em sua maioria, níveis aumentados de MDA e redução da atividade da SOD e CAT. Os resultados em relação aos níveis de carbonilas e GSH foram mistos. Os trabalhos com modificações de lipídios na dieta materna também presentaram resultados conflitantes. Poucos trabalhos realizaram análises comportamentais ou outros testes em conjunto com o estudo do estresse oxidativo. Naqueles que realizaram alguma análise secundária, os resultados encontrados também foram mistos. Conclusão: Desequilíbrios na dieta materna durante a gestação e/ou lactação podem contribuir para o aumento dos biomarcadores de estresse oxidativo e prejudicar a atividade das enzimas antioxidantes, reduzindo sua atividade. Contudo, diferenças nas metodologias das dietas e do tempo e local de análise do estresse oxidativo nos filhotes leva a divergências nos resultados. Da mesma forma, não foi possível fazer uma relação direta entre as mudanças no equilíbrio oxidativo e as repercussões secundárias.