PRODUÇÃO DE SUPORTES POLIMÉRICOS A PARTIR DE ELETROFIAÇÃO 3D PARA CRESCIMENTO DE CÉLULAS ÓSSEAS
Tecido ósseo. Manufatura aditiva. Eletrofiação. Hidroxiapatita. Poli(ɛ-caprolactona).
Um dos grandes desafios na medicina moderna é o tratamento de lesões ósseas. Alguns implantes utilizados para essa finalidade (a exemplo, os implantes de platina e de polímeros convencionais) ocasionam, muitas vezes, problemas como incompatibilidade e diferença nos coeficientes de dilatação dos materiais. Dessa forma, os procedimentos de substituição ou enxertia são amplamente empregados para o tratamento de tecidos danificados por ocorrência de doenças graves, traumas ou fatores relacionados à idade avançada. Apesar de sua importância, o transplante de tecidos ainda apresenta muitas limitações que vão desde a inviabilidade econômica até problemas relacionados ao método cirúrgico, que podem ocasionar morbidade no sítio doador, riscos de transmissão de doenças e até rejeição do tecido. Avanços recentes na tecnologia de eletrofiação e da manufatura aditiva possibilitaram o desenvolvimento de scaffolds com um alto grau de organização arquitetônica e escrita controlada, aplicados à regeneração do tecido. Neste estudo, propusemos a produção de scaffolds nanofibrosos aplicados à engenharia de tecido ósseo a partir da combinação destas tecnologias. Para isso, um sistema de eletrofiação à curta distância foi criado a partir da adaptação de uma impressora 3D (Fused Deposition Modeling). Nanopartículas de hidroxiapatita foram sintetizadas via precipitação química e três distintas soluções poliméricas foram preparadas, sendo a primeira de poli(ɛ-caprolactona) (PCL) e a segunda e terceira de poli(ɛcaprolactona)/hidroxiapatita (HA) com diferentes razões de HA. A hidroxiapatita preparada foi caracterizada pelas seguintes técnicas: microscopia eletrônica de varredura (MEV), espectroscopia de infravermelho com transformada de Fourier (FTIR), difratometria de raios-x (DRX) e análise térmica (TGA). Dessa forma foi possível comprovar a morfologia, bandas de absorção características no infravermelho, estrutura cristalina e estabilidade térmica do material obtido. Para a obtenção dos scaffolds estruturados à base de nanofibras as soluções poliméricas foram eletrofiadas utilizando o método de eletrofiação à curta distância acoplado à impressora 3D. Os três scaffolds de nanofibras foram caracterizados também por FTIR, TGA, MEV, espectroscopia por energia dispersiva (EDS) e microscopia óptica, além de serem submetidos a testes mecânicos e ensaio de intumescimento (onde foi comprovada propriedades importantes de estabilidade e resistência do material através dos valores de módulo de Young (E), tensão máxima, tensão de ruptura (TR) (TM), elongamento máximo (EM) e grau de intumescimento (GI)) e teste de citotoxicidade definindo o biomaterial como atóxico. A partir das análises realizadas foi possível validar a impressora produzida enquanto um sistema eficiente para a produção de scaffolds com escrita orientada de fibras e a produção de um biomaterial com possível aplicação na medicina regenerativa.