DINÂMICA COSTEIRA E PROCESSOS EROSIVOS: ALTERNATIVAS DE CONTROLE PARA O PONTAL SUL DA ILHA DE ITAMARACÁ – PE, BRASIL
Dinâmica sedimentar. Erosão costeira. Sensoriamento remoto. Linha de costa. Ilha de Itamaracá. Gerenciamento costeiro.
A intensificação da pressão antrópica e as alterações dos padrões climáticos têm interferido sobremaneira nos processos físicos responsáveis pelo equilíbrio e variabilidade naturais dos ecossistemas costeiros, tornando cada vez mais evidentes e perceptíveis às populações litorâneas os problemas relacionados à erosão. De comparável importância, os padrões de uso e ocupação do litoral interferem na estabilidade e na morfologia da planície costeira, assumindo um importante papel em sua evolução. Através da combinação de um conjunto de dados formados por imagens de sensoriamento remoto, pontos geodésicos, séries temporais da linha de costa, reanálises globais e índices climáticos oceano-atmosfera, foram analisados e identificados os processos costeiros dominantes, o balanço sazonal dos estoques sedimentares, e as variações espaço-temporal e morfológica da linha de costa, das praias e dos bancos arenosos localizados na margem insular da desembocadura sul do Canal de Santa Cruz, na Ilha de Itamaracá, Pernambuco – Brasil. Além disso, imagens e documentos históricos, instrumentos e diretrizes para gestão costeira foram utilizados para avaliar as estratégias de proteção às praias e os riscos ao patrimônio histórico. O trecho de praia mais abrigado do pontal sul da Ilha de Itamaracá, entre dez/2017 e dez/2018, apresentou balanço sedimentar positivo (+704,52 m³) enquanto o intermediário e o mais exposto, negativos (–5.009 e –14.110 m³, respectivamente). A variação espaço-temporal da linha de costa, na escala interanual 2011-2020, classificou todas as praias analisadas em erodida ou criticamente erodida, com taxas máximas de regressão de –6,78 e –8,55m/ano. Os períodos erosivos foram relacionados às fases mais energéticas da potência de onda, impulsionados, por sua vez, por eventos de La Niña, mais intensos a partir de 2006 e durante a estação chuvosa. Expostas a um severo processo erosivo, localizadas entre trechos de praia erodida e criticamente erodida, as estruturas remanescentes de um importante patrimônio histórico, o Forte Orange (de ~1633 até os dias atuais), serviram como registro das primeiras intervenções à erosão costeira. O enfrentamento, a convivência e o controle do processo erosivo, observado no pontal sul da Ilha de Itamaracá, irão depender de Políticas Públicas eficientes e a utilização de instrumentos de Gestão Integrada da Zona Costeira, que irão promover o compartilhamento de responsabilidades e a ampla participação nas decisões para o manejo sustentável dos recursos e dos sistemas do ambiente costeiro.