Variação temporal de crustáceos capturados por armadilha luminosa na baía de Tamandaré, Pernambuco
Armadilhas de luz, crustáceos bentônicos, larvas de Decapoda, Cleantioides, ambientes recifais, Atlântico sul
As armadilhas luminosas são um método de amostragem passivo capaz de capturar organismos vivos. É considerado uma ferramenta chave não somente para compreender as larvas, mas também organismos zooplanctônicos, nectônicos e invertebrados bentônicos migradores. O presente trabalho teve como objetivo analisar a diversidade de grandes grupos de crustáceos capturados com armadilha luminosa ao longo de 5 anos no ambiente recifal da praia de Tamandaré, em Pernambuco, descrever a diversidade de crustáceos bentônicos capturados, analisar a variação temporal das larvas de Brachyura e Anomura, além de verificar quais os fatores determinantes que influenciam a chegada delas na baía de tamandaré e descrever as espécies novas que ocorreram ao londo do estudo. As coletas foram realizadas mensalmente no período de outubro/2011 até abril/2016, através da técnica de captura por armadilhas de luz cônica do tipo CARE®. Foram marcados três pontos com 250 m de distância entre eles no complexo recifal da praia de Tamandaré. As armadilhas foram instaladas por três dias consecutivos no fim do pôr-do-sol, numa profundidade local de 8 a 12 metros, permanecendo aproximadamente 12h em subsuperfície de 1 m de profundidade, sendo assim retiradas ao amanhecer. Foram coletados dados abióticos de temperatura, pluviosidade, direção do vento, velocidade do vento, swell, luminosidade da lua e nebulosidade. Os grandes grupos foram classificados em: Amphipoda, Cumacea, Isopoda, Mysida, Axiidea, Caridea, Dendrobranchiata, Achelata, Portunidae, Megalopa, Zoea, Copepoda, Ostracoda e Stomatopoda. O grupo mais abundante foi Mysida e também o mais frequente. Houve diferenças significativas entre as estações do ano e os anos, mostrando que há uma padronização na distribuição temporal desses animais. O grupo dos bentônicos apresentaram 52 espécies, mostrando a grande eficácia das armadilhas luminosas para a captura de organismos bentônicos (epifauna, infauna e fossoriais). A ordem Isopoda obteve o maior número de espécies (19), sendo 1 novo registro para a costa de Pernambuco, Cymodoce barrerae. Os Amphipoda obteve 12 espécies, dentre elas 2 possíveis espécies novas de Metharpinia. As larvas identificadas ao menor nível taxonômico possível. A serie temporal mostrou que as larvas apresentam os picos em diferentes épocas do anos, cerca de 8 meses de intervalo de um pico para o outro. As megalopa de Pachygrapsus transversus foram as mais abundante, seguido da Zoea I de Epialthidae. A abundância das larvas apresentou relações significativas com a velocidade do vento, a presença de swell e a temperatura. Três novas espécies foram descritas, Cleantioides garciachartoni sp. nov., C. pandemus sp. nov. e C. tamandarensis sp. nov. Estas espécies são distinguidas pela forma do pleotelson e ornamentação dos pereiópodos. O gênero Cleantioides foi descrito pela primeira vez para o sudoeste do oceano Atlântico e a família Holognatidae foi registrada pela primeira vez para a costa brasileira. Esta tese fez contribuições pioneiras sobre a comunidades de crustáceos capturados com armadilhas luminosas no sudoeste do oceano Atlântico e em amebientes recifais de regiões tropicais, trazendo resultados podem elucidar mais sobre a dinâmica das comunidades de crustáceos. As armadilhas luminosas são muito eficientes para coletar crustáceos, possui um baixo custo e é capaz de fazer um monitoramento da biodiversidade local sem causar danos ao meio ambiente.