EDUCAÇÃO EM SAÚDE DE PESSOAS COM SOFRIMENTO MENTAL: MORADORES DE RESIDÊNCIA TERAPÊUTICA CHEGAM ÀS ESCOLAS PÚBLICAS DO RECIFE NA MODALIDADE DE EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
Educação. Resssocialização. Saúde. Sofrimento mental.
A reforma psiquiátrica no Brasil consolidou-se em 2001 com a Lei n.º 10.216. O modelo de assistência a pessoas com sofrimento mental foi modificado, antes se apresentava como um modelo manicomial que levou à morte de milhões de pessoas, desencandeando a mobilização de trabalhadores, familiares e pessoas com sofrimento mental que lutaram por novas formas de cuidado. Assim, surgiram os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) que ofertam cuidados em uma proposta territorial e em liberdade. Em 2003, a Lei n.º 10.708 lança o Programa de Volta para Casa que resgata as pessoas dos hospitais psiquiátricos para que possam viver em liberdade. Algumas delas vão morar nos Serviços Residenciais Terapêuticos (SRT). Esse programa projeta que haja inserção social, reabilitação e ressocialização dessas pessoas que viveram anos de aprisionamento e sobreviveram ao holocausto brasileiro. Para isso, um dos locais que estão recebendo esses moradores são as escolas públicas do município do Recife na modalidade de Educação de Jovens e Adultos. Com a aplicação de questionários e entrevistas aos profissionais que participam dessa inserção, que são os cuidadores, as técnicas de referência e as educadoras, com os dados interpretados pela técnica da análise de conteúdo, constataram-se algumas particularidades desse acesso à escola. Em destaque, pode-se citar a enfática contribuição da escola para o processo de ressocialização de pessoas com sofrimento mental na medida que tem intensificação dos relacionamentos sociais e acesso à aprendizagem. Do mesmo modo que as pessoas entrevistadas relatam precisar de maior compromisso do poder público e gestão para discutir sobre essa nova realidade escolar que envolve a saúde e a educação.