DEIXAR MORRER E FAZER VIVER NA CONTEMPORANEIDADE: o desenvolvimento de uma biopolítica delegada
biopolítica; biopoder; Michel Foucault; Teoria do Capital Humano; vacinação; Coronavírus.
Resumo: Partindo do reconhecimento realizado pelo Supremo Tribunal Federal de se estimular a vacinação compulsória, propomos um debate sobre como conquistou aderência esse saber solidificado a partir da pauta antivacina e do discurso que aponta a impertinência do governo impor a utilização de métodos que evitem o contágio pelo Coronavírus. Essa investigação pode ser feita a partir dos conceitos de biopolítica e biopoder, ambos reformulados a partir dos estudos de Michel Foucault sobre governamentalidade, momento em que passaram a tematizar a utilização de técnicas para obter o controle da população. Dado esse contexto, contamos com pelo menos três hipóteses: o conceito de biopoder ainda é útil para descrever a postura dos Estados no contexto da Covid-19, nem toda expressão de biopoder é necessariamente nociva e que é possível formular um critério normativo dentro do conceito de biopoder para descrever formas não nocivas de expressão desse poder. Para tanto, realizamos um rastreamento do conceito de biopolítica, que deve ser confrontado com a recente história vacínica brasileira, bem como a sua reformulação em torno da teoria do capital humano, que revela um estímulo para que o indivíduo assuma o que antes estava sob responsabilidade estatal.