Avaliação da atividade da pioglitazona e nimodipina em um modelo animal de doença de Parkinson induzido pela α-sinucleína
Parkinson. α-sinucleína. Pioglitazona. Nimodipina.
Exames histológicos post-mortem de pacientes com doença de Parkinson (DP) indicam que as alterações associadas à agregação da proteína α-sinucleína (α-sin) são influenciadas por diversas condições, entre elas a neuroinflamação. Braak e colaboradores propuseram um modelo de estadiamento para categorizar a progressão da DP através de regiões neuroanatômicas interconectadas entre si. Este modelo propõe que os fatores ambientais, como toxinas ou agentes pró-inflamatórios, podem desencadear a formação da patologia de Lewy no sistema nervoso entérico, que então se espalharia para o cérebro via nervo vago em direção à substância negra pars compacta. O acúmulo de agregados de α-sin em várias regiões cerebrais, como patologia de Lewy, é um fenômeno central para a patogênese da DP. Apesar de estar bem estabelecido que a α-sin patológica é fundamental para o desenvolvimento da doença, os mecanismos subjacentes ainda não foram completamente elucidados. Até o presente momento, não existe um tratamento farmacológico efetivo para o controle e reversão da DP. Os agonistas dos receptores PPAR-γ e bloqueadores de canais de Ca+ têm sido alvos de diversos estudos na área de doenças neurodegenerativas. O objetivo do presente trabalho foi investigar os efeitos da α-sin fibrilar pré-formada (αsin PFF) nas alterações comportamentais (motoras e não-motoras) e bioquímicas (estresse oxidativo e marcadores neuroinflamatórios) em um modelo experimental de DP, bem como avaliar a ação de nanocápsulas de pioglitazona e nimodipina contra a neurodegeneração. Ratos Wistar adultos machos foram submetidos a dois protocolos experimentais. No primeiro, os animais receberam a α-sin PFF por via sistêmica (intramuscular e intraperitoneal), e no segundo protocolo, os animais receberam a αsin PFF por via intra-estriatal. Nossos resultados mostraram que a α-sin PFF por via sistêmica não foi capaz de promover alterações comportamentais nos testes do campo aberto, roda giratória e da transição claro-escuro, quando os animais foram avaliados 30 ou 60 dias após a inoculação sistêmica. Entretanto, a infusão unilateral intra-estriado dorsal da α-sin PFF levou a um prejuízo motor nos testes do campo aberto e da roda giratória, efeito que foi mais evidente 60 e 90 dias após a inoculação central. Estudos complementares estão sendo conduzidos para se investigar o possível envolvimento das vias relacionadas aos receptores PPAR-γ e canais de Ca2+ nas alterações induzidas pela α-sin PFF.