Bioprospecção de bacteriocinas e avaliação do potencial probiótico de cepas endofíticas de bacillus sp.
Probióticos, Bacteriocina, Bacillus, MRSA, Atividade antibiofilme
A resistência bacteriana a antibióticos é uma das principais ameaças atuais à saúde pública. Para lidar com esse problema pesquisadores procuram alternativas ao uso extensivo de antibióticos. Dentre as abordagens disponíveis, uso de profilático de probióticos e o tratamento com bacteriocinas são as principais possibilidades. Probioticos são definidos como sendo microrganismo que, incorporados à dieta, trazem algum benefício à saúde do hospedeiro. Bacteriocinas são importantes antimicrobianos produzidos por uma ampla gama de bactérias, que possuem estruturas químicas complexas e variáveis. A pesquisa de novas cepas probióticas e da purificação e caracterização de novas bacteriocinas tem ganhado cada vez mais espaço na academia. Essas abordagens tendem a ser mais seguras quanto à saúde de quem é submetido ao tratamento, tanto em relação à profilaxia por uso de probióticos quanto à possibilidade de tratamento de doenças bacterianas com bacteriocinas, em comparação com agentes sintéticos. Dado esse contexto, uma das principais formas de impulsionar a descoberta e uso de novas bacteriocinas e novos probióticos é estudar a biologia de bactérias isoladas dos mais diversos ambientes. O objetivo dessa tese foi sumarizar as informações mais importantes disponíveis na literatura científica sobre becteriocinas e explorar o potencial de próbióticos e fazer a bioprospecção da produção de bacteriocinas por bactérias endofíticas do gênero Bacillus, isoladas das folhas da planta Borreria verticilata. A revisão de literatura apresentou diferentes atividades biológicas desenpenhadas pelas bacteriocinas mostrando que podem ser usadas isoladamente ou em consório com outras drogas no tratamento de patologias. Vinte e seis isolados endofíticos foram avaliados quanto à capacidade de produzir substâncias antimicrobianas. Dentre eles a BE 349 se destacou por apresentar atividade significativamente maior contra Staphylococcus aureus, e foi identificada como sendo B. amyloliquefaciens pelo sequenciamento parcial do gene 16SRNA. Foram então estudados seu potencial uso como probióticos e as características da bacteriocina parcialmente purificada com precipitação em sulfato de amônio a 80%. BE 349 se mostrou resistente a condições adversas encontradas no trato gastrointestinal, apresentou um perfil gregário e hidrofóbico, que contribuía para a colonização da mucosa intestinal, cresceu em presença de sais biliares e diferentes faixas de pH, e apresentou atividade antimicrobiana e antioxidante. A bacteriocina bruta parcialmente purificada apresentou atividade contra isolados clínicos de S. aureus meticilina resistentes (MRSA), manteve a atividade em diferentes faixas de pH e temperatura e resistiu a ação de proteases. A bacteriocina também apresentou forte ação inibitória na formação de biofilme por cepas de MRSA, e ação bacteriostática na concetração de ½ MIC e bactericida na concentração correspondente ao MIC. Esses resultados mostram o potencial uso da BE 349 como cepa probiótica para uso em seres humanos ou animais, e o potencial terapêutico que a bacteriocina produzida pela BE 349 apresenta no tratamento a infecções por cepas de MRSA.