Reabilitação após Incêndio de Vigas em Concreto Armado: Reforço ao Cisalhamento com NSM CFRP
resistência residual; cisalhamento pós-incêndio; modelos analíticos
É imprescindível conhecer a resistência residual das estruturas após incêndio, e definir um diagnóstico: liberação, demolição, reparo e/ou reforço estrutural. Após o fogo, as vigas em concreto armado normalmente perdem capacidade resistente, necessitando de reforço. Uma solução é o uso da técnica NSM (near-surface mounted) no reforço com laminados de CFRP (carbon fiber reinforced polymer). Apesar da comprovada eficiência do sistema de reforço ao cisalhamento de vigas, os modelos analíticos apresentam grande dispersão comparados aos poucos resultados experimentais disponíveis. Quanto ao reforço das vigas após incêndio, o cenário é ainda mais escasso e sem proposta de uma formulação analítica. Portanto, o presente trabalho desenvolveu uma série experimental com 16 vigas em concreto armado, analisadas à temperatura ambiente e após incêndio, com e sem reforço ao cisalhamento. Um grupo de vigas foi aquecido a tempos de 60, 90 e 120 min, conforme curva de incêndio ISO 834 (2014), resfriado lentamente, e reforçado com laminados de CFRP e a técnica NSM. Os laminados foram aplicados a 45º e espaçados a 75, 150 e 200 mm. As vigas foram ensaiadas até a ruptura no ensaio de flexão em 3 pontos, avaliando a capacidade de carga, ductibilidade e rigidez. O sistema NSM CFRP foi eficiente, recuperando a capacidade de cisalhamento inicial das vigas, e até aumentando consideravelmente. Os menores espaçamentos entre os laminados resultaram em maiores capacidades de carga, deformabilidade e rigidez. Um estudo analítico foi realizado, e apresentados três procedimentos: (1) estimou a capacidade residual das vigas. A validação foi feita com resultados experimentais de 62 vigas disponíveis na literatura. A proposta apresentou para o momento fletor uma relação média (analítico/experimental) de 1,04, e para o esforço cortante uma relação média (analítico/experimental) de 0,83. Em (2) dimensionou o reforço ao cisalhamento à temperatura ambiente. Ao total 70 resultados experimentais de sete autores foram utilizados para avaliar o desempenho do procedimento e comparar a quatro modelos analíticos. O procedimento proposto apresentou uma relação média (analítico/experimental) de 0,94, e menor coeficiente de variação (CV). Em (3) uma proposta de dimensionamento após incêndio do reforço ao cisalhamento foi baseada nas contribuições (1) e (2) supracitadas, e validada com base nos resultados experimentais de oito vigas desenvolvidas nesta pesquisa. A capacidade ao cisalhamento (analítico/experimental) apresentou uma relação média de 0,82 e CV de 12,2%, mostrando-se como procedimento simplificado promissor, e pioneiro, no dimensionamento do reforço ao cisalhamento de vigas em concreto armado após incêndio.