drenagem urbana; morro; sarjetas; descidas d’água

A intensificação no processo de urbanização de grandes centros urbanos tem aumentado a demanda por infraestrutura, saneamento e habitação. Dessa forma, tem-se como resultado as transformações na superfície terrestre, principalmente no que diz respeito às modificações de superfícies vegetadas, consideradas permeáveis, para urbanizadas, ditas como impermeáveis. Meireles (2023) citou como consequência da urbanização, uma série de problemas ambientais, sociais e econômicos, destacando ser necessário um maior planejamento urbano para o crescimento equilibrado e sustentável de centros urbanos. Song et al. (2018) ressaltaram que as modificações no uso e cobertura do solo alteram consideravelmente a dinâmica de funcionamento da Terra e seus ciclos bioquímicos, contribuindo para as mudanças climáticas e afetando as propriedades da superfície terrestre. Como resultado, tem-se a ocorrência de desastres naturais, nos quais, combinamos com eventos extremos de precipitação, podem gerar situações de risco e ocasionar uma série de prejuízos para a sociedade. Este trabalho tem por objetivo a análise do sistema de drenagem superficial de uma área de morro localizado no município de Recife-PE que apresentou grande vulnerabilidade aos impactos resultantes da alta precipitação no evento de extremo de precipitação ocorrido na data de 28 de maio de 2022, que causou uma série de impactos negativos para o município. Dessa forma, o trabalho será voltado ao estudo e à avaliação hidráulica dos dispositivos de drenagem superficial, bem como às possíveis sugestões para maior eficiência do sistema. Foram avaliados dois tipos principais dispositivos de microdrenagem: 3 sarjetas, a partir da diferença entre a vazão admissível (Equação de Izzard) e vazão de projeto (Método Racional) e 4 descidas d’água, com aplicação do software SISCCOH – Sistema para Cálculos de Componentes Hidráulicos. Para as sarjetas, foram encontrados problemas em relação à capacidade da sarjeta S2, na qual a vazão de projeto (gerada pelo evento extremo) foi superior à vazão admissível (vazão na qual o dispositivo tem capacidade de suportar). Ressalta-se que tal situação está vinculada principalmente ao impacto da contribuição externa ao dispositivo, visto que a inserção desta área aumenta substancialmente a vazão de projeto referente (0,189 m³/s). Aplicou-se a metodologia AHP para a determinação da melhor técnica compensatória na área de contribuição da sarjeta a ser adotada visando a diminuição o fluxo de água advindo das áreas de contribuição urbanizadas do morro, sendo avaliada três alternativas: (1) telhados verdes com vegetação; (2) armazenamento de água de chuva por reservatório (caixa d’água); e (3) telhados ecológicos de baixo custo. Utilizou-se o Processo Analítico Hierárquico (Analytic Hierarchy Process - AHP) no auxílio na tomada de decisão, com realização de análise conjunta com coleta de dados a partir da plataforma Google Forms e avaliação das alternativas a partir de análise qualitativas e quantitativas realizadas em estudos anteriores. Concluiu-se que Alternativa 2 (implementação de caixas d’água) é considerada a alternativa mais adequada a partir da aplicação da análise AHP , visto que apresentou nota final superior as demais alternativas (2,18) e consequentemente a maior ordem de hierarquização. Já em relação às descidas d’água, os resultados apontaram o regime Nappe Flow, com subregime de desenvolvimento parcial do ressalto hidráulico. Destaca-se que os dispositivos apresentaram comprimento de queda do jato muito com valores próximos, o que faz com que sejam formados bolsões de ar em cada degrau, com quedas sucessivas em que se pode gerar ou não um ressalto hidráulico em cada degrau.