síndrome de riachos urbanos; qualidade de água; interação rio-aquífero; microfitobentos; meiofauna

A concepção de mudança morfológica dos cursos d'água trouxe consigo impactos como poluição das águas, erosões das margens e, assoreamento do leito, interrupção da conexão entre o rio-aquífero e enchentes. O processo de degradação de ecossistema acarreta em inúmeras perdas de organismos presentes no ambiente. Contudo, a resiliência de algumas espécies é fundamental para a recuperação do equilíbrio ecossistêmico. A revitalização de rios é considerada a principal alternativa para proteção dos recursos hídricos, bem como proteção à saúde desse ambiente. Dentre os ambientes que são fundamentais para revitalização de riachos, está a Zona Hiporreica (ZH). A ZH funciona como um regulador de fluxo na interação rio-aquífero, como biorreator onde ocorrem diversos processos biogeoquímicos auxiliando na purificação da água e é considerada um ambiente rico que serve de habitat para inúmeros organismos com funções ecológicas importantes que auxiliam na atenuação de poluentes. Dentre os organismos que habitam a ZH está a meiofauna. Nesse contexto, o presente objetivou realizar um estudo da zona hiporreica de três riachos urbanos do Recife; o riacho Sítio dos Pintos, Cavouco e Parnamirim. Analisando a qualidade de água dos riachos e realizando a caracterização física, química e biológica da ZH, buscando atributos que possam ter influência para a revitalização dos riachos estudados. As análises de qualidade de água evidenciaram o aporte direto de material de origem orgânica e fecal nas matrizes aquáticas, comprovando o alto grau de degradação dos riachos. O Índice de conformidade ao enquadramento (ICE) classificou as águas dos três riachos como ruim e não conforme com a resolução; o índice de qualidade de água (IQA) classificou como ruim e péssimo; e o índice de estado trófico (IET) classificou todos os três riachos como hipereutrófico. A partir da caracterização dos sedimentos da ZH foi observado material mais representativo foi classificado como areia, variando entre grossa, média e fina. O lançamento de águas residuais não tratadas nos riachos foi um fator influente para as características físicas e químicas da ZH, que apresentou sedimentos finos e altos teores de matéria orgânica. Foram contabilizados 1201 indivíduos da meiofauna, distribuídos em cinco taxa mais representativos, nematoda (35%), rotifera (32%), annelida (21%), acari (6%) e copepoda (5%). A análise PERMANOVA indicou diferenças significativas para os fatores Período (p = 0,016), Área (p = 0,0007) e Estrato (p = 0,0001). Não houve relação significativa entre a estrutura da comunidade da meiofauna e as variáveis do ambiente hiporreico, indicando que os principais fatores que determinam a estrutura da meiofauna foi a sazonalidade, fator determinante para hidrodinâmica dos riachos e o limite de oxigênio que varia de acordo com o estrato. Apesar das perturbações ambientais presentes nos riachos, foram constatadas abundância de indivíduos da meiofauna hiporreica, evidenciando a resiliência desses organismos. A confirmação da resiliência ecológica fornece base científica para o desenvolvimento de estratégias de revitalização dos riachos, bem como para a orientação de políticas públicas voltadas para a melhoria da qualidade ambiental de áreas urbanas levando em consideração a ZH.