TRAJETÓRIAS ACADÊMICAS: OS DESAFIOS DO INGRESSO E PERMANÊNCIA NO ENSINO SUPERIOR ESTADUAL E FEDERAL EM RECIFE-PE
Desigualdade, raça, estratificação social, educação
As transições educacionais compõem as chaves de análise de desigualdade educacionais.
Diante das desigualdades estruturais socioeconômicas, ingressar e permanecer no ensino
superior se torna uma árdua tarefa para indivíduos negros e pobres. Com as recentes mudanças
decorrentes da aplicação de ações afirmativas no ensino público superior, essa pesquisa se
propõe a observar e analisar em contextos macro e microestruturais as dificuldades envolvidas
na permanência de estudantes no ensino superior, em específico de estudantes cotistas e/ou
negros. Com a utilização de técnicas quantitativas e qualitativas, foram analisados os anos de
2015 a 2019 dos microdados do ENADE e foram entrevistados 13 estudantes, sendo 6
estudantes da UPE e 7 da UFPE, através das estatísticas descritivas e de modelos logísticos
binários foram analisados os dados quantitativos. Os dados qualitativos foram codificados e
analisados através da análise de conteúdo. Os resultados obtidos demonstram uma permanência
em condições de desigualdade prévias ao ingresso no ensino superior, há uma ocupação
diferenciada de negros e mais pobres a depender do prestígio e da área do curso de graduação.
As oportunidades acadêmicas são ocupadas também de forma diferente, visto que monitorias e
extensão são mais propensas a terem alunos cotistas e beneficiados com auxílio de políticas de
permanência estudantil, do que oportunidades de PIBIC e estágio. Por fim, os resultados
qualitativos demonstram uma comum percepção entre os estudantes sobre um “não
pertencimento” ao ensino superior até o encontro de referenciais negros e da formação de
vínculos afetivos na universidade.