Mudança do habitus e mobilidade social dos trânsfugas de classe no contexto da Pesquisa ‘Radiografia do Brasil Contemporâneo (2015-2016)
Mudança do habitus; mobilidade social; socialização; trânsfugas de classe.
No ano que antecedeu a ruptura institucional que destituiu o governo Dilma Rousseff, o IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada desenvolveu uma pesquisa, da qual participei, acerca das novas configurações de classe social no Brasil, a “Radiografia do Brasil Contemporâneo”. Partindo de uma perspectiva sobre as classes sociais que leva em consideração fatores materiais e imateriais da diferenciação (como o capital cultura e simbólico, além do capital econômico), mapeamos as frações de classe da região Nordeste, bem como seus arranjos e situações de mobilidade social dos agentes (os trânsfugas de classe) em relação à sua classe social de origem sociofamiliar (habitus de classe). Essa mudança do habitus, transformação individual, a reestruturação da estrutura subjetiva da ação, ocorre no âmbito das estratégias de mobilidade social dos agentes. No entanto, para isso, são necessárias ações que formam vínculos institucionais de ampliação e modificação de contextos de interação social que causam choques (biográficos) entre campos distintos de socialização (curto-circuito), rompendo e atualizando as disposições geradas na estrutura de posição de classe da família (desenraizamento). Desse modo, o projeto de tese, ora proposto, tem como objetivo discutir a relação que se estabelece entre a mudança do habitus e a mobilidade social no contexto da pesquisa do IPEA. Para isso, analisaremos os casos dos trânsfugas de classes, os agentes que romperam barreiras simbólicas da sua classe social de origem, promovendo o que Pierre Bourdieu chama de efeito de hysteresis.