DIVERSIDADE EPISTÉMICA E GOVERNANÇA EM CONTEXTOS PÓS-COLONIAIS: o lugar/estatuto da
“medicina tradicional” em Moçambique
Governança. Saber tradicional. Saber moderno. Medicina tradicional. Moçambique
A manifestação e coexistência de saberes e práticas socioculturais autóctones, em países outrora colonizados, foi sempre marcado por tensões e cenários de repressão, desprestígios e resistências, sobretudo na sua coexistência com a racionalidade moderna ocidental. Este cenário vem ocorrendo desde o período de ocupação e colonização europeia e perpetuou-se até os dias de hoje, devido, no entanto, a maioria dos países saídos da colonização terem adoptado formas de organização social e política ocidentais, como únicas formas válidas e oficiais no processo de construção das suas nações. Em Moçambique, em particular, os regimes instituídos no período pós-independência, agenciaram as cosmovisões autóctones sob diferentes perspectivas (desde repressões, desprestígios, “valorização” etc.). Entretanto, até o presente continuam se manifestando conflitos e tensões associados, de um lado, à credibilidade da medicina tradicional enquanto um paradigma epistemológico válido, e de outro, a consequente luta pela legitimação e institucionalização da mesma. É neste sentido que o presente trabalho procura, como objetivo central, refletir sobre o lugar/a condição/estatuto destes saberes e práticas, a partir de formas sobre as quais estes mesmos saberes são governados, agenciados e representados no Moçambique contemporâneo, tomando o caso da medicina tradicional.