QUEM CONTA COMO MULHER: AS “TERF WARS” E A TRANSFORMAÇÃO DO CONCEITO DE “SEXO” NA TEORIA FEMINISTA RADICAL.
feminismo radical, feminismo crítico de gênero, sexo e anti-gênero.
O presente projeto de pesquisa está situado dentro de um contexto mais amplo de ascensão da nova direita global e de promoção de políticas anti-gênero. Atualmente há grupos feministas que se denominam de “feministas críticas de gênero”, que têm ganhado espaço no debate público em decorrência de suas posições políticas trans-excludentes. Tal grupo tem se apropriado do conceito de “sexo” da teoria feminista radical clássica para mobilizá-lo para responder questões contemporâneas relativas ao conceito de gênero e as suas consequências políticas. Nesse sentido, meu objetivo é compreender como tal conceito passou a ser utilizado para fundamentação de um discurso político excludente e reacionário. Uma das principais questões que mobilizam este projeto de pesquisa é a seguinte: quem conta como mulher? Para alcançar meu objetivo, irei utilizar a teoria de Andrew Abbott (2001), mais especificamente, seu conceito de “distinções fractais”. Isso porque, considerando um modo específico de funcionamento da sociologia, ele permite perceber a transformação de conceitos ao longo do tempo. Embora a atenção esteja voltada ao ponto de vista interno às teorias, é necessário considerar também seus elementos externos não apenas por causa da relação íntima entre teoria e prática que é característica da teoria feminista, mas também por causa da bibliografia selecionada para análise: os livros ”Material Girls” (2021) e “Gender Critical Feminism” (2022). Tais obras são permeadas por esses elementos externos os quais são transformados em teoria. Em suma, é a partir dessas considerações que pretendo desenvolver o presente projeto de pesquisa.