TRAJETÓRIAS E DISPOSITIVOS DA DESISTÊNCIA ESCOLAR
Palavras-chave: Desistência escolar, dispositivos, educação básica, evasão escolar, abandono escolar.
A pesquisa busca compreender como se configuram as trajetórias de vida de estudantes desistentes na educação básica a partir de dispositivos empiricamente rastreáveis e identificados a partir de relatos de memórias que estruturam diferentes unidades temáticas de narrativas sobre a vida dos entrevistados em termos de temporalidades, localidades, personalidades e discursividades. Para tanto, será utilizada a estratégia de entrevistas em profundidade, para elaborar as trajetórias de vida dos estudantes desistentes, analisando-as por meio de análise temática. Participarão da pesquisa pessoas que, em qualquer momento da vida, tenham desistido de frequentar a escola durante o ensino médio, mesmo que tendo voltado noutro momento da vida; ou ainda, pensado em desistir, mas decidido continuar; ou mesmo desistindo de frequentar a escola, mas procurando outro meio de obter a certificação de conclusão de estudos a nível médio que não a frequência regular à escola. A referência espacial que demarca a abordagem é o Estado da Paraíba e sua rede de educação básica. Nesse sentido, pessoas que de algum se vinculam ou estiveram vinculadas à rede de educação básica na Paraíba poderão participar das entrevistas em profundidade. As conclusões de entendimento possíveis dizem respeito aos modos pelos quais se configuram, ao longo de um processo, a trajetória de vida de quem desistiu da escola. Ou seja, de que maneira, na vida de uma pessoa, o processo de desistência se configura, considerando-se que a desistência é subprocesso do processo maior de escolarização. A análise temática se dará com base em agregação de níveis a partir de dispositivos referentes a pessoas, seres vivos não humanos, lugares, coisas, discursos e temporalidades. Trabalhando também com as noções de processo, configuração e disposições, se propõe empregar uma sociologia disposicional realista. Disposicional pois considera as disposições como tendências de modos (de agir, sentir e pensar), analisadas retrospectivamente e rastreáveis empiricamente por meio de dispositivos; e realista, pois entende que há a realidade independentemente de nossos modos de percebê-la, concebê-la e expressá-la, mas entendendo que as dinâmicas do real podem ser assimilados por nossas consciências em diferentes níveis de complexidade.