FORÇA MUSCULAR PERIFÉRICA E CAPACIDADE FUNCIONAL DE INDIVIDUOS PÓS-COVID-19: ESTUDO TRANSVERSAL
Covid-19; Força muscular; Atividades cotidianas; Funcionalidade.
Introdução: A Covid-19 se caracteriza como uma doença com alto poder de disseminação e mortalidade. Os sintomas e as complicações da doença determinam o tipo de manejo terapêutico que será ofertado para indivíduos infectados. Compreendendo que os efeitos da infecção pelo coronavírus pode afetar vários sistemas orgânicos, como o sistema musculoesquelético, torna-se relevante investigar o estado funcional musculoesquelético no período pós infecção. Objetivo: Avaliar força muscular periférica e capacidade funcional de indivíduos pós-covid-19 comparando também os efeitos de pacientes tratados em isolamento domiciliar e sob internação hospitalar. Métodos: Foi desenvolvido um estudo exploratório, de caráter observacional do tipo transversal. A pesquisa foi realizada no período de novembro de 2021 a maio de 2022, após a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa do Centro de Ciências da Saúde da UFPE (parecer: 5.014.316). Foi realizada entrevista com os participantes para coletar dados pessoais, história clínica e avaliação da independência funcional com o Índice de Barthel Modificado. Na sequência foram avaliados a força muscular periférica, força de preensão palmar e o teste de caminhada de 6 minutos. Foi aplicada estatística descritiva com medidas de tendência central e dispersão para variáveis quantitativas e medidas de frequência para as variáveis categóricas, teste de Wilcoxon para comparação de médias. Resultados: A amostra do estudo foi composta por 102 pacientes pós-covid-19, com idade média 48,21 ± 12,5 anos e IMC 30,16 ± 5,80 kg/m2. Cerca de 53% dos indivíduos que participaram da pesquisa ficaram em isolamento domiciliar durante a fase aguda da Covid-19. Dentre os participantes que foram hospitalizados 24,5% necessitaram de admissão na UTI. Aproximadamente 23% dos indivíduos do grupo hospitalização (GH) apresentaram fraqueza muscular. Os dados obtidos da avaliação de força muscular periférica apontam que o GH apresentou déficit de força muscular predominante nos membros inferiores. Quanto à independência funcional, os indivíduos de ambos os grupos apresentaram declínio do grau de funcionalidade avaliado pela escala aplicada com diferença estatisticamente significativa (p<0,01). No grupo isolamento domiciliar (GID) observou-se que cerca de 21% dos indivíduos migraram da classe independência total para a classe ligeira dependência, enquanto no GH o declínio funcional foi mais expressivo pelo aumento de 18% na classe dependência moderada e declínio de 29% na classe independência total. Conclusão: Pacientes com Covid-19 longa independente do manejo terapêutico abordado na fase aguda, mantêm comprometimento residual na função muscular periférica, o que impacta negativamente na independência funcional para realização das atividades de vida diária.