Produção de sentidos sobre masculinidades e saúde entre profissionais em saúde mental, no sertão de Pernambuco
Masculinidades; cuidado em saúde; saúde mental.
Este trabalho teve por objetivo geral analisar, a partir de uma perspectiva psicossocial, a produção de sentidos sobre masculinidades e saúde por profissionais de saúde mental, por meio da promoção de cuidados no Sertão pernambucano. Desse modo, abordarmos o conceito de gênero a partir do reconhecimento de sua dimensão histórica que se inscreve na noção de “masculinidade hegemônica” que por ser um modelo ideal, exerce um efeito controlador legitimando um processo de dominação masculina sobre homens e mulheres e modos de subjetivação. Nesse processo, gênero e saúde mental constituem-se como fatores de subjetivação presentes não apenas no cotidiano das pessoas, mas também no âmbito das políticas públicas. No entanto, a promoção de cuidados em saúde mental é ainda pouco considerada na formulação e execução de políticas voltadas à equidade de gênero e no campo da saúde mental mais amplo. Nesta pesquisa, realizamos um estudo de natureza qualitativa e partirmos de uma perspectiva construcionista. A pesquisa foi realizada em um Centro de Atenção Psicossocial Tipo III, em um município localizado no sertão de Pernambuco, e contou com a participação de cinco profissionais deste serviço. A produção das informações se deu por meio de entrevistas, que se orientou aos moldes de uma “conversa no cotidiano”. Essas informações foram submetidas a uma análise de práticas discursivas. Nessas análises, percebese uma invisibilidade da dimensão de gênero nas leituras que esses/as profissionais produzem sobre sofrimento ou potencial adoecimento dos homens atendidos no serviço. De modo muito pontual, identificamos que alguns de nossos/as interlocutores/as fazem uso de estratégias para se aproximar desses homens e ofertar cuidado, porém não parecem considerar relevante ou determinante o modo como esses homens foram socializados, do ponto de vista dos ordenamentos de gênero. Consideramos que essas análises podem contribuir para promover uma reflexão crítica sobre as práticas e saberes em saúde mental para, assim, abrir possibilidades outras de atuação.