A CULTURA COMO DISPOSITIVO: subjetivação e proteção juvenil nas narrativas midiáticas do bairro Peixinhos
Cultura. Território. Violência. Resistência. Jovens.
Esta pesquisa tem por objetivo problematizar as narrativas jornalísticas veiculadas na mídia de Pernambuco sobre a proteção de jovens por meio da cultura no bairro de Peixinhos em Olinda. Para alcançar nosso objetivo tomamos como material as mídias jornalísticas do estado de Pernambuco, organizadas em dois eixos de análise: narrativas da violência e da resistência, compreendidas no que estamos chamando de dispositivo cultural como fator de proteção infanto-juvenil no bairro. Trata-se de pesquisa de orientação pós-estruturalista inspirada nas contribuições de Michel Foucault e autoras/es que interseccionam gênero, masculinidades e raça como Sueli Carneiro, Silvio Almeida, bell hooks, Walter Benjamin e outras/os. A análise do material construído para esta pesquisa seguiu orientações da análise de discurso foucaultiana, compreendida e inspirada nos métodos arqueológicos e genealógicos do autor, ocupada na visibilidade e problematização das continuidades e descontinuidades discursivas na construção de determinados objetos, considerando as práticas discursivas e não-discursivas construídas. Propomos um exercício analítico que une esforços teórico metodológicos de diferentes autores, para o que nomeamos neste estudo de genealogia de narrativas sobre o dispositivo cultural em Peixinhos. Os resultados deste estudo contribuem para pensar o bairro em um dispositivo cultural inerente aos aspectos de proteção juvenil no território. Isto permite-nos a problematização de discursos naturalizados acerca do tema, destacando raça e gênero como indispensáveis à organização da/frente à violência no bairro. Por fim, destacamos a resistência cultural e territorial como forte aliado na proteção infanto-juvenil frente à violência homicida em Peixinhos, a partir da análise dos eixos que aparecem nos documentos destacados pelos enunciados da Cultura de Paz e as questões do Território, identidade e pertencimento. Deste modo, este estudo contribui para fomentar discussões que envolvem resistência cultural e territorial como preventivas à violência e tensiona a sua incorporação efetiva nas políticas públicas de proteção de jovens e crianças.