PPGGEOCFCH PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA - CFCH DEPARTAMENTO DE CIENCIAS GEOGRAFICAS - CFCH Téléphone/Extension: Indisponible

Banca de QUALIFICAÇÃO: FABIO CAVALCANTE DE MELO

Uma banca de QUALIFICAÇÃO de MESTRADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE: FABIO CAVALCANTE DE MELO
DATA : 19/04/2024
LOCAL: Sessão remota de videoconferência
TÍTULO:

POR TERRITÓRIOS FÚNEBRES DO RECIFE: MORTE E VIDA NOS BAIRROS DA VÁRZEA E CASA AMARELA


PALAVRAS-CHAVES:

Território. Geossímbolos. Cemitério. Várzea. Casa Amarela. Recife.


PÁGINAS: 32
RESUMO:

Desde o período paleolítico, o homem carrega em sua cultura fúnebre um cabedal de manifestações envolvendo os vivos e os mortos. Inúmeros espaços foram eleitos para a realização destes rituais e cerimônias de caráter funesto. No mundo ocidental, o Cristianismo popularizou a criação e o uso dos cemitérios para além dos espaços das igrejas, e da própria cidade em si, em razão das preocupações médico-higienistas frente ao temor dos chamados “miasmas”, então também associados à putrefação dos cadáveres. No Brasil, a construção dos cemitérios públicos ocorreu na primeira metade do século XIX, em face às necessidades de higienizar os espaços das cidades, evitando as mortíferas epidemias do período. No Recife, os primeiros cemitérios construídos foram o dos Ingleses (1814) e o de Santo Amaro (1851), para além dos bairros centrais da capital pernambucana. Nos arredores também foram construídos outros cemitérios, chamando atenção a necrópole da Várzea, datada de 1867, estando situada no limite oeste da cidade, próximo à margem direita do rio Capibaribe. De objeto afastado da cidade, o cemitério acabou por se encontrar imerso no tecido da metrópole, revelando certas singularidades na atualidade, no que se refere aos usos e relações ali processadas. Desse modo, a dissertação de mestrado ora apresentada propõe analisar o Cemitério Público da Várzea, na porção mais oriental do Recife, na condição de um território sagrado demarcado “geossimbolicamente” (BONNEMAISON, 2012) por seus usuários em diversos usos, contra-usos, ritos, mitos e objetos lúgubres – sepulturas, ossuários, covas, artes tumulares, flores, velas, oferendas, entre outros. Para além desta geografia sepulcral, também se discute a relação dos moradores da Várzea com o cemitério, sobretudo no tocante à realidade de casas geminadas aos muros da necrópole, aos problemas de ordem sanitário-ambiental e às condições precárias de trabalho dos funcionários do cemitério (coveiros), que engendram uma série de situações profanas no interior e entorno do território dos mortos. No bojo deste contexto, observa-se que as relações processadas no cemitério denotam paradoxos na escala do bairro, com os moradores, ao mesmo tempo, revelando relações amiúdes com o local dos mortos, mas também rejeições ou relações de medo, seja por questões religiosas ou “sobrenaturais”, seja por motivos médicohigienistas, ou por ambos os motivos. Malgrado esse quadro, evidencia-se que o último cemitério à oeste do Recife, também se revela como última morada para os moradores da Várzea, que constroem suas vidas com seus vizinhos, parentes e amigos até a hora do seu sepultamento na necrópole do bairro, lócus de variadas contradições físico-materiais e simbólico-imateriais. Metodologicamente, a dissertação de mestrado centra-se em estudos sobre a formação urbana do Recife, e, assim, do bairro da Várzea, e em trabalhos acadêmicos calcados na investigação de cemitérios, especialmente àqueles que dialogam com os aportes da Geografia urbana e cultural, e, com eles, os conceitos de bairro, território e geossímbolo. Além destas leituras, o artigo apoia-se em trabalhos in loco realizados no bairro e no cemitério da Várzea, onde foi possível colher informações, entrevistas e fotografias imprescindíveis à feitura do estudo.


MEMBROS DA BANCA:
Externo à Instituição - SAMIR DO NASCIMENTO VALCÁCIO - UFRR
Presidente - 1296137 - ALCINDO JOSE DE SA
Interno - 2319743 - LUCAS COSTA DE SOUZA CAVALCANTI
Notícia cadastrada em: 18/04/2024 17:55
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