ANÁLISE DA ASSOCIAÇÃO ENTRE POSITIVIDADE PARA COVID-19 E DESIGUALDADES SOCIOECONÔMICAS NA PRIMEIRA ONDA DA PANDEMIA NO BRASIL
COVID-19. Desigualdades. PNAD COVID-19.
Em 11 de março de 2020, a COVID-19 foi caracterizada pela OMS como uma pandemia. Causada por um novo subtipo de Coronavírus posteriormente denominado SARS-CoV2, trata-se de uma zoonose de alta transmissibilidade. No Brasil, durante a primeira onda da pandemia, foi realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios – PNAD COVID-19 com objetivo de estimar o número de pessoas com sintomas associados à síndrome gripal. A compreensão da interação das desigualdades sociais em saúde com o estado de saúde entre grupos é importante para o entendimento do processo saúde-doença nas populações para além dos aspectos biológicos. O objetivo deste estudo é investigar a relação entre a testagem positiva para COVID-19 e desigualdades socioeconômicas durante a primeira fase da pandemia no Brasil, utilizando microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – PNAD-COVID-19. Para alcançar tal objetivo foi realizada inicialmente uma análise descritiva dos dados, elaborado modelo hierarquizado e a análise estatística foi feita através de regressão logística, a medida de associação utilizada foi a ODDS RATIO com nível de significância de 5%. O desfecho é ter teste positivo para COVID-19 e como covariáveis as características de sociais, econômicas e de saúde da população. Os resultados mostraram que indivíduos do sexo masculino, idade igual ou superior a 60 anos, baixa escolaridade, que residem na zona rural têm maiores probabilidades de testar positivo para COVID-19. Pessoas sem plano de saúde, com menor restrição a serviços de saúde e que residem em locais com menor disponibilidade de leitos, médicos e maior número de tomógrafos, também apresentam chances mais elevadas de ter a doença desfecho. Indivíduos que residem em estados com maior índice de transparência, condições de moradia ruins, e maior espaço domiciliar são fatores de proteção, e diminuem a probabilidade de ter teste positivo, bem como lugares nos quais as medidas de distanciamento social foram implantadas tardiamente. Verificou-se ainda maior probabilidade de ter a doença entre indivíduos mais pobres que residem em local com maior Índice de Gini. Conclui-se que a resposta eficaz à pandemia requer não apenas medidas de saúde pública, mas também ações direcionadas para enfrentar as raízes das desigualdades subjacentes. Abordar as desigualdades é crucial não apenas para superar a atual crise, mas também para construir uma base mais sólida e equitativa para enfrentar desafios futuros de saúde global.