Violência contra mulher durante a pandemia do covid-19 no estado de Pernambuco
Violência contra a mulher; Homicídio; Feminicídio; Isolamento social; COVID-19; Análise espacial.
O início do ano de 2020 foi marcado pelo surgimento da pandemia do novo coronavírus com sua rápida disseminação mundial. Com o intuito de reduzir o número de casos da doença, algumas estratégias foram adotadas por diversos países, tais como: o isolamento social e a quarentena mais rígida. Diante dessas medidas, muitas mulheres que já eram vítimas da violência ficaram sujeitas a conviver 24 horas por dia com seu parceiro agressor. O objetivo desse estudo é descrever a violência não letal e letal contra a mulher antes do período pandêmico e durante a pandemia da COVID-19, no estado de Pernambuco. No período pré-pandêmico (2016-2019) ocorreram 33.289 notificações de violência doméstica e familiar contra mulher, 1.038 homicídios femininos e 319 feminicídios. Constatou-se que 142 (76,8%) dos municípios apresentaram tendência crescente na análise da taxa de violência contra mulher, com predomínio na mesorregião do Agreste. Observou-se que 83 (44,9%) e 113 (61,1%) dos municípios tiveram tendência estacionária para os homicídios femininos e feminicídios, respectivamente. Durante os estágios iniciais da pandemia COVID-19, foram registrados 19.496 casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, com redução de 7,4% quando comparado ao mesmo período do ano de 2019 (21.064 registros). A análise temporal dos homicídios femininos mostrou tendência crescente das taxas de homicídios na mesorregião do Sertão e na faixa etária de 20-39 anos em 2020. Foram registrados 218 casos de feminicídios no estado entre os anos de 2019 a 2021. As mulheres com idade entre 20 e 39 anos foram as maiores vítimas de feminicídio (59,1%), seguida da faixa etária 40 e 59 anos (23,3%). No ano de 2020 a mesorregião do Agreste Pernambucano apresentou maior ocorrência de feminicídio. A pandemia do COVID-19 aumentou a situação de risco das mulheres e revelou as vulnerabilidades já existentes. É essencial promover melhorias nas políticas públicas e estratégias de proteção, bem como a ampliação dos serviços especializados para as mulheres vítima da violência.