GESTÃO MEDIADA POR ALGORÍTMICO E TRABALHO DECENTE EM PLATAFORMAS DIGITAIS: um estudo sobre entregadores ciclistas vinculados ao programa municipal de Recife
gestão mediada por algoritmos; trabalho decente; plataformas digitais; entregadores ciclistas; juventudes.
O crescente interesse pelo gerenciamento algorítmico decorre de sua influência nas decisões organizacionais e laborais (Kellogg et al., 2020). Embora os algoritmos prometam eficiência e decisões baseadas em dados, eles também levantam preocupações sobre trabalho decente e direitos trabalhistas (O'Neil, 2016). Não obstante a percepção de neutralidade, os algoritmos carregam os valores e interesses dos seus criadores (O'Neil, 2016), podendo perpetuar injustiças e omitir nuances humanas (Zuboff, 2019). A Organização Internacional do Trabalho (OIT) enfatiza a importância do trabalho produtivo e digno (OIT, 1999), desafiando-se no contexto digital atual. O projeto fairwork propôs uma metodologia avaliativa do trabalho em plataformas digitais, considerando princípios como remuneração justa, condições justas, contratos justos, gestão justa e representação (Fairwork, 2020). Este estudo focou como a gestão mediada por algoritmos nas plataformas digitais afeta o trabalho decente de entregadores ciclistas na cidade de Recife, Pernambuco. Através de entrevistas etnográficas, observação não participante e análise documental (Spradley, 1979) com 22 jovens do programa Renda por App, constatou-se que essas plataformas violam os princípios do trabalho decente. Conclui-se que, apesar da incontestável presença do gerenciamento algorítmico no trabalho contemporâneo, é essencial uma abordagem ética, equilibrando eficiência e dignidade trabalhista, sublinhando a necessidade de equilíbrio entre eficiência e direitos dos trabalhadores.