A AUTORREFLEXÃO NO COMPORTAMENTO DE PROFESSORES DO ENSINO SUPERIOR NA EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA
Autorreflexão; Comportamento docente; Comportamento extensionista; Comportamento planejado; Extensão universitária
A extensão universitária, uma das atividades finalísticas das Instituições de Ensino Superior, tem sido cada vez mais pautada no meio acadêmico. Uma das agendas de pesquisa vinculadas a esta temática é a atuação docente para cumprimento dessa finalidade. A execução de ações de extensão universitária por docentes de Ensino Superior foi nomeada nesse estudo como comportamento extensionista. Entre as demandas identificadas na literatura está a identificação dos antecedentes comportamentais dos docentes que possam prever, explicar ou modificar a intenção em realizar ações vinculadas a extensão universitária. A Teoria do Comportamento Planejado (TCP) apresentou um suporte teórico capaz de atender essa demanda, pois sua base está na identificação dos preditores comportamentais que predizem, explicam e podem modificar comportamentos através da análise da intenção comportamental. Apesar de alguns estudos comprovarem a eficácia da TCP, o autor da teoria sugeriu a possibilidade de acrescentar outras variáveis que poderiam potencializar os resultados, aumentando o seu poder preditivo. Assim como as variáveis utilizadas na TCP, a autorreflexão é uma dimensão vinculada à predição do comportamento humano. Entende-se por autorreflexão o ato praticado pelo indivíduo de refletir sobre si mesmo, considerando suas experiências, vivências e avaliando as razões para desempenhar determinados comportamentos. É possível observar que a autorreflexão dialoga diretamente com a TCP, podendo modificar a TPC aumentando assim o seu poder preditivo e gerando novos insights no processo comportamental. Esta tese visou compreender como a autorreflexão de professores do ensino superior atua sobre os antecedentes do comportamento extensionista à luz da Teoria do Comportamento Planejado. Para isso, foi aplicado uma abordagem mista considerando o percurso metodológicos sugerido por Icek Ajzen (autor da TCP) e da utilização da Escala de Autorreflexão e Insight de Grant, Franklin e Langford adaptada para adultos brasileiros por DaSilveira, DeCastro e Gomes. Como técnicas de coleta de dados foram utilizados a entrevista e o questionário. Para análise dos resultados foi utilizada a Análise de Conteúdo de Bardin e a Modelagem de Equações Estruturais (MEE). Os resultados da pesquisa qualitativa identificaram 269 crenças diferentes que foram categorizadas em organizacionais, pessoais, institucionais e profissionais. A partir dessas crenças foi possível construir e aplicar o questionário da TCP para posterior análise. Houve 432 respondentes, dos quais, após aplicação de critérios de qualidade inseridos na pesquisa, apenas 345 foram considerados válidos. A MEE foi aplicada e o modelo proposto foi validado parcialmente, visto que houve suporte de cinco hipótese e outras três não foram suportadas. Os resultados da pesquisa revelam que a autorreflexão aumenta o poder preditivo do comportamento extensionista e possui influencia nas crenças comportamentais. Esse estudo contribui para a ressignificação de políticas institucionais de instituições de ensino superior quanto ao comportamento docente relacionado com a sua participação em ações de extensão universitária. Os resultados apontam possibilidades de modificar o comportamento docente, aumentando o seu engajamento e interesse para cumprimento da terceira missão dessas entidades. Consequentemente, potencializando a aproximação da universidade com os diversos setores da sociedade, formando profissionais a partir de uma perspectiva dialógica e social e gerando novos insights para a pesquisa e o ensino.