A LINHA TÊNUE ENTRE A ASCENSÃO SOCIAL E O ENDIVIDAMENTO
ESTUDANTIL: O FIES NOS GOVERNOS DE DILMA ROUSSEFF E MICHEL
TEMER A PARTIR DO OLHAR DOS BENEFICIÁRIOS.
Fies, Políticas Educacionais, Ciclo de Políticas.
Em 1999, o antigo Crédito Educativo (Creduc) dava lugar ao Fies. O governo Fernando
Henrique Cardoso, ao criar o novo programa objetivava diminuir os índices de inadimplência e
elaborar um novo formato para o programa educacional. Desde a sua criação, até o ano de 2010,
o programa de financiamento estudantil, pareceu pouco atraente aos estudantes e desse modo
possuía um pequeno percentual de estudantes beneficiários. O ex presidente Luís Inácio Lula
da Silva, ao diminuir as taxas de juros de 6% para 3,4% e aumentar o período de carência,
estaria contribuindo para um substancial aumento no número de contratos, doravante, pouco
mais de 1,8 milhão de estudantes seriam diretamente beneficiados durante as gestões Dilma
Rousseff (2011-2016).Em decorrência de um cenário de crise econômica, pós 2014, muitos
estudantes usuários do programa de financiamento, passaram a ter mais dificuldades para quitar
as mensalidades do Fies, tornando-se inadimplentes. A gestão Dilma Rousseff realizou
modificações no programa a fim de tornar a acessibilidade mais dificultosa, medidas que foram
ampliadas na gestão do ex presidente Michel Temer (2016-2018).O Fies, enquanto política
pública educacional objetiva atender substancialmente jovens de classes sociais menos
favorecidas, de tal sorte, esses jovens sonham com o diploma de ensino superior, e por
conseguinte, ascensão social. Em um panorama de crise econômica, a inadimplência para com
o programa e o desemprego, tornaram-se desafios para esses jovens. Buscando compreender o
processo de inadimplência estudantil, nossa pesquisa utiliza-se do conceito “contexto dos
resultados/efeitos” do “ciclo de políticas” de Stephen Ball e Jefferson Mainardes (2006),
possuindo como sujeitos de pesquisa, estudantes de História da antiga Faculdade de Filosofia,
Ciências e Letras de Caruaru, que cursaram suas graduações entre 2015-2018, respectivamente
os dois primeiros anos do segundo mandato da presidente Dilma Rousseff e os dois anos do
presidente Michel Temer.