PEDAGOGIAS DO CORPO-SAGRADO: DANÇA NAGÔ E PRODUÇÃO DE SUBJETIVIDADES NO ILÊ OBÁ AGANJÚ OKOLOYÁ
terreiro de candomblé; pedagogias do corpo-sagrado; corporeidade; dança nagô; subjetividades.
“Ilê, como é lindo de se vê, ilê, como é lindo...” O trecho dessa composição
escrita por minha mãe carnal, Oyá Tundê, Yá Maria Helena Sampaio, traduz bem
o sentimento de pertencimento e alegria de fazer parte de um legado ancestral.
Eu, cria do Terreiro de Mãe Amara, sou diariamente atravessada nas minhas
subjetividades por seus ensinamentos. Meu corpo-sagrado se move e se
transforma no embalo das águas e dos ventos sagrados de Oyá. Dessa forma,
a presente pesquisa busca compreender como se constitui as pedagogias do
corpo sagrado presentes nos rituais e práticas que envolvem a dança no Ilê Obá
Aganjú Okoloyá – Terreiro de Mãe Amara. Para auxiliar nessa compreensão,
dialogo com as problematizações sobre corpo de Moraes (2009), Gomes (2003)
e das contribuições de Sander (2011) em relação a corporeidade. A respeito do
conceito de subjetividades, utilizo Deleuze (2001) e Fanon (2020). Além dessas
autoras e autores, trago as reflexões sobre pedagogias em Ferreira (2010) e
Macedo et all (2019). Nesse sentido, a partir dos imbricamentos entre esses
conceitos e o da dança nagô, que se alimenta de ambos para existir, mover-se
no mundo e sentir as vivências do sagrado, é possível elaborar o conceito
“pedagogias do corpo-sagrado”. A partir dessa compreensão teórica e do
método cartográfico, principalmente a partir de Kastrup (2009), busco
compreender os processos dos moveres e sentires da dimensão do sagrado na
dança nagô de Pernambuco e como a sua potência poética subjetiva a minha
existência e dos e das bailariNagôs.