ENSINO RELIGIOSO (RE)VISITADO A PARTIR DA MÍSTICA DO MOVIMENTO DOS TRABALHADORES RURAIS SEM TERRA (MST): contribuições de base epistemológica
Ensino Religioso. Mística. Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST)
A presente dissertação de mestrado está vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Educação
Contemporânea, da Universidade Federal de Pernambuco – Centro Acadêmico do Agreste
(PPGEDUC/UFPE–CAA), na linha de pesquisa: Educação e Diversidade. Diante do cenário
escolar onde a legislação e as práticas pedagógicas costumeiras limitam o Ensino Religioso
tratando-o apenas sob a égide religiosa, marcadamente, desvinculada dos processos vitais, nos
perguntamos: De que modo a mística do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra –
MST pode colaborar com o Ensino Religioso? Essa inquietação epistêmica motivou a
realização dessa produção científica que teve como objetivo compreender os processos do
Ensino Religioso e as possíveis contribuições da mística do Movimento dos Trabalhadores
Rurais Sem Terra para este componente curricular. Buscamos, teoricamente, identificar
elementos sagrados religiosos e não-religiosos presentes na vivência dos seres humanos,
evidenciar o Ensino Religioso de perspectiva laica, seu trajeto histórico e respectivos marcos
legais e, por fim, analisar os elementos constituintes da mística do MST junto aos seus
princípios fundantes e força mobilizadora, e suas contribuições para o Ensino Religioso.
Ajudaram-nos nesse trajeto teórico-metodológico: Menezes (2013), Corbí (2014), Peter Berger
(2000), Rudolf Otto (2017). Mircea Eliade (1982), Aragão (2021), Junqueira (2002), Xavier
(2007), Peloso (2012), Comblin (1985), Bogo (2002), Gutiérrez 1984), Lage (2015), entre
outros/as. A metodologia de abordagem qualitativa foi considerada a partir do método do Caso
Alargado, tecido por Boaventura de Sousa Santos (1983). A coleta de dados se deu apoiada nas
entrevistas semiestruturadas, na observação participante e na escrita do diário de campo
construída no Assentamento Normandia de Caruaru-PE. Com a Análise de Conteúdo de Bardin
(1977), efetivamos a organização e a análise dos dados. Com o contributo das realidades
constatadas e estudadas, pudemos fazer as seguintes inferências: O MST contribui nas vivências
do Ensino Religioso, inspirando-nos uma Antropologia do Sensível/Militante; a compreensão
do Sagrado Libertador como critério de um Ensino Religioso humanizador e a Mística enquanto
vivência ritualizada do ser humano preenche de sentidos de ser e de viver em busca de
transformação social e de emancipação dos sujeitos em relação.