SABER, POÉTICA E TRANSGRESSÃO: as figurações estético-gestuais da corpa por artistas transexuais/travestis
Corpas; Estética; Arte; Travestis; Diferença.
Nesta dissertação, procuro cartografar as figurações estético-gestuais de artistas transexuais por
meio da expressão de saberes, poeticidades e transgressões que suas corpas expressam e
imprimem. Busco delinear a potência ética-estética e política de corpas que ocupam posições
de promoção de agenciamentos de suas existências. As artistas travestis se inserem no campo
da cisheteronormatividade por meio de um movimento contínuo de desterritorialização e
abertura para novas reterritorializações, não de maneira fixa, mas dentro da construção de
multiplicidades e linhas de fuga geradoras de rizomas e interpelações significativas de si e do
mundo. A pesquisa trata de um novo olhar de paradigma estético com implicações políticas
porque des-trava saberes colonializados e fala em criação, em transversalidade, em
movimentos. Saí em busca de uma cartografia dada por afetos, união e linhas de segmentaridade
que incidissem em performatividades e reconhecimento da produção de quatro artistas
transexuais/travestis do sertão nordestino. Objetivei cartografar como as figurações estético-
gestuais de artistas transexuais/travestis se configuram como leituras de saber, poética e
transgressão. A imersão na vivência teórica-metodológica e nos processos cartográficos me
fizeram considerar arranjos em que pude problematizar a construção do percurso estético das
corporeidades de artistas transexuais/travestis e seus saberes. Da mesma forma a cartografia me
levou a pensar a potência transgressora dessas corpas por meio da arte por elas desenvolvida a
partir de sua dimensão poética. E, obtive reflexões sobre a ressignificação epistêmica que
resulta das performances de tais artistas e se conforma à existência de suas corporeidades trans-
formadoras. A cartografia das artistas apresentada neste estudo se vincula à cartografia de mim
mesmo, reestruturando minhas performances poéticas, ampliando meus saberes e fortalecendo
a condição de pesquisador. Os resultados obtidos me ensinam que ainda seguimos, que a
navegação pela compreensão da dimensão estética-gestual de corpas transexuais/travestis não
tem fim, visto que aprendi com elas que novas emergências estéticas estão ainda a se construir.
E é esse o tom de uma cartografia, processos, trajetórias, caminhos, não há fim, há experiências.