CAMINHO DE UMA INFÂNCIA (E) SUA INVENTIVIDADE NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA: O que pode uma infância devir-deficiente?
crianças, infâncias, diferenças, alteridade, devir-deficiente.
Ensaiamos de modo infantil uma pesquisa-caminho atravessada por encontros. Encontros com
a infância e a Filosofia. Encontros com uma inspiração cartográfica e com as crianças que
foram as principais intercessoras nesse processo. Nos propomos a dizer que pesquisamos COM
e ENTRE crianças e não SOBRE elas, mobilizando possibilidades para que as crianças e as
infâncias habitassem e nos movessem no caminho do aprender e do (des)aprender. Nos
encontramos com nossos intercessores teóricos para problematizarmos a infância (Kohan,
2020), alteridade (Skliar, 1999), hospitalidade (Derrida, 2003), devir (Deleuze e Guattari,
1992). Deste modo, sinalizamos como infantes esta pesquisa a partir do seguinte
questionamento: O que as crianças e as infâncias nos dizem ou nos dão a pensar sobre educação
inclusiva no contexto escolar?A partir desta inquietação, objetivamos de maneira mais geral:
Cartografar os dizeres, aprenderes e fazeres infantis sobre educação inclusiva, instauradas no
contexto escolar. De forma mais específica fomos mobilizadas a mapear os movimentos
instaurados pelas crianças e pela infância sobre educação inclusiva na escola; acompanhar os
dizeres, aprenderes e fazeres infantis que atravessam as experiências das crianças no contexto
escolar; problematizar os movimentos instaurados pelas crianças no espaço\tempo da escola.
Nessa caminhada, nos deslocamos a partir do que as crianças nos davam a pensar em seus
dizeres, gestos, movimentos e experiências sobre a educação inclusiva. Os encontros com as
crianças e a infância, em meio as conversações, nos convidaram a um pensar outro, que dribla
a lógica da representação, que fixa uma ideia de deficiência vinculada à falta, à incompletude,
ao não ser. Através dos seus modos de olhar, pensar e artistar um devir-infantil (Corazza, 2013)
as crianças tensionam os discursos da inclusão que tenta incluir o OUTRO em uma mesmidade,
quando deveria intensificar a dimensão da outridade. Através de sua sensibilidade, afeto, as
crianças se abriam para o (im)pensado, nos dando a pensar sobre o devir-deficiente. Corpos
OUTROS atravessados por um tempo OUTRO que nos convidaram em gestos a pensar a
aeducação inclusiva de um OUTRO modo... Um modo mais infantil... talvez. O encontro com
o novo, o inesperado, mobilizado por um exercício de atenção que difere de um olhar fixo,
direcionado e automatizado. Uma possibilidade de deslocamento no espaço-tempo escolar em
devir... Um tempo redescoberto para OUTROS possíveis na educação inclusiva a partir desse
lugar OUTRO... O lugar da diferença. Um lugar de irrupções.