EXPORTAÇÕES AGRÍCOLAS, ACUMULAÇÃO DE CAPITAL HUMANO E MERCADO DE TRABALHO: Evidências Empíricas para o Brasil entre 2002 e 2015
Exportações. Bens primários. Capital humano. Variáveis Instrumentais. Emprego Agrícola. Emprego Não Agrícola. Emprego Formal. Emprego Informal.
O objetivo geral do trabalho consiste em avaliar as relações empíricas de causalidade entre as exportações agrícolas, a acumulação de capital humano e o mercado de trabalho a partir de dados estaduais anuais referentes ao período de 2002 a 2015. Para tal, foram realizados dois ensaios para: (i) examinar os efeitos das exportações de bens primários na acumulação de capital humano e (ii) investigar o efeito das exportações agrícolas no mercado de trabalho agrícola e não agrícola, ambos utilizando o Método de Variáveis Instrumentais. Os principais dados utilizados foram coletados a partir da Secretaria de Exportação do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), do Instituto Nacional de Meteorologia por meio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (INMET) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Como resultado, a partir do primeiro ensaio foi possível observar que as exportações de bens primários afetaram negativamente a educação brasileira, pois a cada 1% de aumento na participação das exportações primárias, há um declínio de aproximadamente 0,04% na média de anos de escolaridade, além de ser um fator significante para o aumento do abandono nos ensinos médio e superior. Além disso, levantou-se a possibilidade de a política de investimento educacional não estar sendo eficaz, como também, de atuar negativamente para a continuidade do estudante no ensino após a educação básica. Quanto ao segundo ensaio, os principais resultados revelaram que a exposição à exportação agrícola expandiu o emprego agrícola de forma significativa, demonstrando ser um forte fator para impulsionar a renda rural. Todavia, houve um efeito negativo dessa exposição sobre o nível de empregos não agrícolas. Logo, o crescimento das exportações agrícolas alimenta o próprio setor, sem gerar uma difusão positiva e significativa para os demais, provocando um estímulo a não industrialização. Dessa forma, as exportações primárias se comportaram como um fator de retrocesso ao desenvolvimento brasileiro.