Abordagem de Fomento à Participação Infantil em um Processo de
Design Participativo de Artefatos Digitais Educacionais na Educação do Campo
Participação Infantil. Design Participativo. Educação do
Campo.
A Educação do Campo (EdC) surge a partir da luta pelo direito à educação no
local onde se vive, vinculada à cultura e às necessidades humanas e sociais
do território. A EdC vislumbra, portanto, um modelo de educação construído
com a participação dos povos do campo. Apesar disso, crianças e
adolescentes, estudantes de escolas de EdC, que já utilizam diversas
tecnologias digitais, ainda não participam dos processos decisórios sobre
tais tecnologias, que muitas vezes são construídas por especialistas fora
do território em que são utilizadas. Visando democratizar não apenas o uso,
mas também a produção de tecnologias digitais, a Base Nacional Comum
Curricular de 2018 prevê a competência da construção crítica,
significativa, reflexiva e ética de tais tecnologias. Dessa forma, fica
evidente uma necessidade de desenvolvimento de tecnologias digitais por
estudantes da educação básica, incluindo os de escolas de EdC, para que
sejam capazes de produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer
protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva. Atrelada a isso, há
também a necessidade de construção de materiais didáticos para EdC,
pensados e produzidos por quem vive nestas regiões. Visando atender a essas
demandas, investigou-se, neste trabalho, como fomentar a participação de
estudantes da educação básica no processo decisório de desenvolvimento de
artefatos digitais educacionais para EdC. Para isto, investigamos como
ocorreu a participação infantil e os papéis de crianças no Design
Participativo (DP) em um segundo ciclo de pesquisa-ação, em que
operacionalizamos um processo de desenvolvimento de artefatos digitais
educacionais em duas escolas do campo, no município de Vicência/PE. Durante
a pesquisa de campo, os estudantes desenvolveram quatro jogos digitais e um
aplicativo com temáticas relacionadas à agroecologia. Realizamos vinte
encontros em cada escola, durante os quais coletamos dados a partir de
observação participante e videografia. Os dados analisados, estão
organizados em diários de campo, transcrição de áudios tanto da prática dos
educandos, quanto de pré-análises feitas por pesquisadores participantes,
além de vídeos e fotos dos encontros nas escolas. A análise de dados se deu
a partir de um modelo teórico de participação infantil e papéis de crianças
no DP construído a partir da literatura. A partir da análise, propomos um
modelo refinado. A partir desse modelo, construímos um conjunto de
diretrizes para fomentar a participação de crianças e adolescentes nos
processos decisórios de desenvolvimento de artefatos digitais educacionais
para EdC.