FÉ E FORRÓ: RITMOS NORDESTINOS E RELIGIOSIDADE PROTESTANTE NA BANDA SAL DA TERRA.
forró; hino; hinário; protestantismo; pós-modernidade.
Partindo da música utilizada durante o estabelecimento do protestantismo no Brasil e considerando, nesse primeiro momento, os hinos trazidos pelos missionários, sendo esses por aqui “sacralizados” como modelos litúrgicos da música protestante, procura-se entender, mediante essa análise, a relação entre fé protestante a partir da inserção de ritmos brasileiros na música desse segmento religioso como propostas de renovação em relação aos hinos tradicionais. Nesse processo, a partir da década de 1960 alguns ritmos brasileiros como a Bossa Nova, Samba, Baião entre outros, foram assimilados como possibilidade de expressão religiosa. Focalizar-se-á, contudo, no trabalho produzido pela Banda Sal da Terra, em que se busca compreender os processos identitários reivindicados por esses músicos no que diz respeito a utilização do forró como veículo catalisador e transmissor da religiosidade protestante no sertão pernambucano. Tal relação, em alguns aspectos, nos parece conflitante se considerarmos que o forró e seus subgêneros, como também o legado deixado por Luiz Gonzaga e seus parceiros, estão intimamente ligados à dança, um elemento ignorado na proposta da banda, mas ao mesmo tempo estimulado pelas características rítmicas dançantes próprias do forró e de seus subgêneros. Os dados foram obtidos através de entrevistas semiestruturadas, nos textos das canções produzidas pela banda, em observações não participativas in loco nas apresentações do grupo em igrejas e eventos evangélicos, e em leituras referenciadas dentro da temática. Algumas teorias relacionadas aos estudos culturais que tratam sobre os descentramentos dos sujeitos e das instituições sociais na modernidade (HALL, 2006) e estudos sobre processos socioculturais de hibridação (CANCLINI, 2001) serviram de base para as análises; bem como os estudos na área de sociologia que discutem os processos de construção da identidade e memória como um fenômeno social (POLLAK, 1992), Halbwachs (1990) também foram utilizados. Como resultado da aproximação entre fé e forró, o indivíduo busca novos significados a partir de sua
identidade anterior à conversão ao protestantismo, procurando adaptá-la à nova fé com sua “antiga” vivência cultural.