FÉ E FORRÓ: A ASSIMILAÇÃO DE RITMOS NORDESTINOS COMO EXPRESSÃO DA RELIGIOSIDADE PROTESTANTE NA BANDA SAL DA TERRA
Forró; música evangélica; protestantismo; pós-modernidade
Esta pesquisa procura entender a relação entre fé protestante e o forró a partir do trabalho produzido pela Banda Sal da Terra. Se busca compreender os processos identitários reivindicados por esses músicos no que diz respeito a utilização desse gênero como veículo catalisador e transmissor da religiosidade protestante no agreste pernambucano. Tal relação, em alguns aspectos, nos pareceu conflitante se considerarmos que o forró e seus subgêneros como herança deixada por Luiz Gonzaga e seus parceiros, está intimamente ligado à dança, um elemento ignorado na proposta da banda, mas ao mesmo tempo estimulado pelas características rítmicas dançantes próprias do forró e de seus subgêneros. Os dados foram obtidos através de entrevistas semiestruturadas, observações não participativas e leituras referenciadas dentro da temática. Algumas teorias relacionadas aos estudos culturais que tratam sobre o descentramento dos sujeitos e das instituições sociais na pós- modernidade serviram de base para as análises, bem como os estudos na área de sociologia que discutem os processos de construção da identidade e memória como um fenômeno eminentemente coletivo, também foram utilizadas. Os resultados apontam no sentido de que a ressignificação do forró, na experiência da Banda Sal da Terra, está relacionada à forma como seus integrantes lidam com as vivências culturais anteriores à conversão. O indivíduo busca novos significados na relação música-fé a partir de uma identidade anterior, construída ao longo do percurso da vida, procurando adaptá-la à sua nova realidade. Nessa busca se observou também um enfraquecimento das instituições e hierarquias religiosas e uma maior liberdade e autonomia dos sujeitos provocada pela cultura pós-moderna.