ENTRE O CONVENTO E O CÁRCERE: A FUNÇÃO EDUCATIVA DA COLÔNIA PENAL FEMININA DO BOM PASTOR - RECIFE/PE (1945 E 1990)
Colônia Penal do Bom Pastor. Congregação do Bom Pastor. Cárcere Feminino. Presas Políticas.
Essa pesquisa, inserida no campo das identidades e memórias da Educação, teve por objetivo compreender a função educativa da Colônia Penal Feminina do Recife no período em que essa instituição foi administrada pela Congregação do Bom Pastor, entre os anos de 1945 e 1990, sobretudo no que diz respeito à percepção da sociedade acerca desse regime educativo proposto pelas religiosas às mulheres em situação de privação de liberdade. Como marco teórico do estudo utilizamos Goffman (1974), Goffman (2004), Becker (2012) e Foucault (1987). A pesquisa seguiu os parâmetros qualitativo-descritivo segundo Minayo (2002), utilizando os documentos, no seu sentido mais amplo, como fonte para a pesquisa historiográfica conforme defendido por Le Goff (1994) e tratando as fontes encontradas, predominantemente, com o uso da análise documental conforme Ludke; André (2018) e Bacellar (2008). Os resultados obtidos nos mostraram que a função educativa se manifesta em dois pilares distintos, mas complementares. De um lado se buscava uma regeneração moral e de outro se buscava a formação profissional da detenta. Além disso, verificou-se que tal modelo, ao menos aos olhos da mídia impressa à época, era bastante prestigiado sendo as críticas sofridas pela Congregação do Bom Pastor motivadas antes pela precariedade material que se instalou na Unidade do que por divergências essenciais em relação à filosofia de trabalho das irmãs. Sendo assim, concluímos que a despeito das dificuldades de ordem prática, a Congregação do Bom Pastor teve o mérito de manter uma constância de objetivos, métodos e princípios capaz de dar concretude e solidez a um desafiador projeto de prisão que não se mostrou tão duradouro em várias outras regiões do país.