“FOCAR EM UMA FORMAÇÃO ESPECÍFICA, SEMELHANTE À DA SEDUC, NÃO TEM. [...]MAS, HÁ, SIM, UM COMPARTILHAMENTO. E ISSO NÃO DEIXA DE SER UMA FORMAÇÃO!”: Redes outras de políticas-práticas tecidas no cotidiano escolar
Políticas-práticas. Avaliação. Formação continuada de professores. Cotidianos escolares.
A pesquisa intitulada ““Focar em uma formação específica, semelhante à da Seduc, não tem. Mas, há, sim, um compartilhamento. E isso não deixa de ser uma formação!”: redes outras de políticas-práticas tecidas nos cotidianos escolares”, objetivou compreender como as articulações produzidas no campo da avaliação e da formação continuada de professores interpelam os processos de produção das políticas-práticas de formação-avaliação tecidas nos cotidianos escolares. Para tanto, teve por objetivos específicos: i) evidenciar, em produções acadêmicas e em políticas nacionais de formação docente, quais sentidos são articulados na significação da avaliação e da formação continuada de professores; ii) caracterizar a política de formação continuada de professores de Caruaru a partir de seu processo de produção curricular; iii) analisar, na política-prática de formação continuada de professores do município de Caruaru, sentidos de avaliação e de formação que disputam pela produção da avaliação-formação; iv) analisar os tensionamentos e negociações constitutivas das políticas-práticas avaliativas-formativas em produção nos cotidianos escolares. A partir de uma abordagem discursiva, inscrita na pauta pós-estrutural, recorremos à Teoria do Discurso na perspectiva de Laclau e Mouffe (2015), considerando a existência de infinitas formas de construção do objeto avaliação-formação e, assim, a impossibilidade de um fundamento último as representar ou preencher empiricamente o vazio, a falta constitutiva que é intrínseca a qualquer estrutura. Mobilizando construtos analíticos determinados – produções acadêmicas e políticas educacionais (nacionais e locais) direcionados à formação continuada de professores e, entrevistas desenvolvidas com professoras e formadoras da rede municipal de educação de Caruaru-PE – argumentamos que problematizar as políticas-práticas de formação-avaliação implica compreendê-las como espaço de disputas que perspectivam a criação da unidade em contextos de conflitos e diversidade (MOUFFE, 2005). Contextos que construídos sob um antagonismo inerradicável, revelam-se como possibilidade de decisão em um universo de alternativas em conflitos. Nesse sentido, entendemos que mesmo quando as políticas oficiais de avaliação e formação docente operam como aparato de controle das práticas avaliativas e das micros formações cotidianamente tecidas na escola, estas movem-se em um terreno indecindível, no qual nenhuma ordem – por maior força hegemônica que galgue – consegue sedimentar o direito ao dissenso. Desse modo, reconhecendo a impossibilidade de cerceamento do diferir, nessa pesquisa evidenciamos as contingencialidades dos processos de produção das políticas-práticas de formação-avaliação. Processos que não determinados a priori, se (re)fazem não por movimentos lineares, mas por atos de poder difusos minados pela emergência de ordens e acontecimentos que deslizam/alteram tradições hegemonizadas na escola. Marcados pelos tensionamentos emergidos nos diferentes momentos/contextos histórico-sociais, esses processos se constituem na relação com ordenamentos difíceis de fugir, mas, também, no encontro entre sujeitos/identidades não determinadas alicerçadas nas imprevisibilidades das experiências cotidianas em fabricação nas escolas. É, pois, no âmago de experiências incontroláveis, que agenciamentos profissionais coletivos e práticas/projetos outros de formação-avaliação podem ser reivindicados em direção a refutação/trepidação de subjetividades essencialistas e identidades/sentidos reducionistas de docência.