O ENVELHECIMENTO SOB A PERSPECTIVA DA PESSOA IDOSA TRANSGÊNERO E TRAVESTI: CORPOS QUE EXISTEM E RESISTEM
Idoso; travesti; pessoas transgênero; minorias sexuais e de gênero; etarismo; Queer
O aumento do percentual de pessoas idosas no Brasil permite uma amplitude acerca dos estudos sobre as velhices, suas potencialidades e subjetividades, especialmente em relação às velhices marginalizadas, como as minorias de gênero e orientação sexual. O presente estudo objetivou conhecer o processo de envelhecimento na perspectiva das singularidades subjetivas de pessoas idosas transgênero ou travesti. Trata-se de um estudo
qualitativo, guiado por entrevista semiestruturada e que contou com a participação de duas entrevistadas, pessoas idosas transgênero. Empregou-se a análise de conteúdo segundo Bardin, a fim de codificar as falas coletadas, gravadas e transcritas. Os dados foram discutidos a partir da perspectiva filosófica Foucaltiana, de Judith Butler e Achile Mbembe. Os resultados foram organizados em quatro eixos de análise: envelhecer na
perspectiva da pessoa transgênero; transgeneridade, trabalho e envelhecimento; preconceitos vivenciados pelas pessoas transgênero e mecanismos de enfrentamento, por parte de pessoas idosas transgênero, frente aos preconceitos vivenciados. Conclui- se, portanto, que a pluralidade caracterizou o processo de envelhecimento sob a perspectiva das mulheres idosas transgênero participantes da pesquisa. A hipótese inicial de relatos quase que exclusivamente demarcados pela exclusão foi contraposta por relatos de mecanismos de resiliência e enfretamento, individuais e coletivos, que ajudaram e ajudam a ressignificar eventos traumáticos e dão o impulso necessário para a continuação de suas existências e da expressão de suas artes.