Atividade anti-Trichomonas vaginalis de óleos essenciais de espécies de Myrtaceae do domínio Caatinga
Tricomoníase, protozoário, Psidium myrsinites, Eugenia gracílima, Myrciaria floribunda
A tricomoníase é a doença sexualmente transmissível não-viral mais comum no mundo, estando associada a complicações como doença inflamatória pélvica, infertilidade, parto prematuro, predisposição ao câncer cervical e de próstata, além de contribuir para transmissão e aquisição do HIV. A infecção é causada por Trichomonas vaginalis, protozoário parasito extracelular do trato urogenital humano. A terapêutica da tricomoníase é atualmente restrita aos compostos nitroimidazólicos, metronidazol e tinidazol; contudo, ambos apresentam efeitos adversos e são relatados cada vez mais isolados resistentes ao tratamento. Dessa forma, a busca por novos compostos ativos como alternativa terapêutica para a tricomoníase são urgentes. Alguns produtos naturais obtidos a partir de espécies da família Myrtaceae tem ganhado destaque como detentores de rico potencial tricomonicida. Dessa forma, neste trabalho a atividade anti-T. vaginalis de óleos essenciais de espécies de Myrtaceae do domínio caatinga foi investigada. Após realização de um screening, os óleos essenciais de Psidium myrsinites (OEPm), Eugenia gracillima (OEEg) e Myrciaria floribunda (OEMf) foram eficazes na redução de 100% da viabilidade dos trofozoítos. OEPm, OEEg e OEMf apresentaram IC50 de 179, 162.9 e 161.3 μg/ml, respectivamente. Além disso, os óleos essenciais demonstraram citotoxicidade contra linhagens de células de mamíferos. Ainda, Eugenia pohliana DC. destaca-se das demais Myrtaceae por ser inexplorada do ponto de vista químico e farmacológico. A análise por CG/EM do óleo essencial de E. pohliana (OEEp) apresentou δ-cadineno (20.23%), biciclogermacreno (13.73%) e epi-α-muurolol (10.90%) como constituintes majoritários. Quanto a atividade anti-T. vaginalis, o OEEp foi capaz de reduzir em 100% a viabilidade dos trofozoítos na concentração de 500 µg/ml, com valor de IC50 de 264.3 µg/ml. O OEEp apresentou citotoxicidade frente as linhagens celulares utilizadas, contudo demonstrando CC50 de 301.9 µg/ml frente a linhagem epitelial vaginal (HMVII), com índice de seletividade de 1.14. Os dados obtidos neste estudo sugerem que os óleos essenciais de espécies da família Myrtaceae de ocorrência na Caatinga são importantes fontes de novos compostos anti-T. vaginalis. Estudos são necessários para a caracterização da segurança desses produtos naturais.