EVOLUÇÃO CRUSTAL DO DOMÍNIO PERNAMBUCO-ALAGOAS OESTE (FLORESTA, PERNAMBUCO): implicações tectônicas
Toniano; Criogeniano; Zona de Cisalhamento; Geocronologia U-Pb e Lu-Hf em zircão
A Província Borborema apresenta uma evolução complexa que se estende do Arqueano ao Cambriano. É subdividida em três subprovíncias: Norte, Central e Sul. Trabalhos anteriores identificaram ortognaisses tonianos relacionados ao evento Cariris Velhos nos domínios Pernambuco Alagoas (DPEAL) e Alto Pajeú (DAP), nas subprovíncias sul e central respectivamente. O objetivo desta pesquisa foi avaliar a evolução crustal do DPEAL Oeste com base no mapeamento geológico, geoquímica e geologia isotópica de granitos, ortognaisses e rochas metassedimentares localizados na região de Floresta, Pernambuco, e compará-la com do DPEAL Leste e DAP. A área de estudo é limitada a norte pela Zona de Cisalhamento Pernambuco Oeste (ZCPW) e é cortada pela Zona de Cisalhamento Poço da Areia (ZCPA), ambas com cinemática destral. As unidades cartografadas são os complexos Airi e Cabrobó, os ortognaisses Cipriano e os plutons Caraíbas e Poço da Areia. O Complexo Airi consiste em ortognaisses monzograníticos a sienograníticos com níveis anfibolíticos, com 65-75% de SiO2 e caráter magnesiano a ferroso. Sete amostras forneceram idades U-Pb em zircão entre 1010 e 965Ma. Análises Lu-Hf em zircão apresentam εHf(t) negativo e idade modelo paleoproterozoica. O Complexo Cabrobó consiste em xistos, paragnaisses e quartzitos. Zircões detríticos em duas amostras apresentaram dois picos de idade de 1000 e 650Ma. Um gnaisse félsico intercalado na sequência provavelmente representa fusão parcial dos metassedimentos e apresenta idades de cristalização de 630Ma e de metamorfismo de 600Ma. Os ortognaisses Cipriano compreendem vários corpos alongados de direção E-W, de composição diorítica a granítica, associados com lentes e enclaves anfibolíticos. Os dados geocronológicos em três amostras apresentaram idades U-Pb de c. 650Ma e a geoquímica das amostras aponta afinidade shoshonítica. O plúton Caraíbas consiste em monzogranitos a sienogranitos inequigranulares a porfiríticos com geoquímica e idades similares aos ortognaisses Cipriano. Análises Lu-Hf em zircão apresentam εHf(t) negativo e idade modelo TDM variando de 1,7 a 2,0Ga. O plúton Poço da Areia consiste em sienogranitos a monzogranitos porfiríticos inequigranulares, predominantemente cálcio-alcalinos de alto potássio. Datação U-Pb em zircão e titanita forneceram idades de cristalização e metamorfismo, respectivamente, de 630Ma e 602Ma. Um granito sin-cinemático à ZCPW forneceu grãos herdados com idades paleoproterozoicas e idade de cristalização U-Pb em rutilo de 550Ma. A compilação destes dados possibilitou o desenvolvimento de um modelo de evolução tectônica entre 1000Ma e 550Ma. O Complexo Airi intrudiu em ambiente de rift continental toniano e é correlacionado com ortognaisses que ocorrem em toda parte norte da subprovincia sul da PB e ao longo do DAP. No final do Criogeniano (c. 650Ma), extensão causou afinamento continental, fusão por descompressão do manto litosférico, e desenvolvimento de bacias continentais. O evento ajudou a fragmentação de um continente pré-existente, e foi seguido pelo início da orogenia brasiliana. No Ediacarano (c. 630-600Ma), deformação contracional, produziu foliação regional em rochas pré-orogênicas seguido por um regime transcorrente após 600Ma, responsável pelo desenvolvimento das ZCPE e ZCPA, que retrabalharam a foliação regional, e ficaram ativas por aproximadamente 50Ma.