O jeito startup de gerenciar e a crise: investigação sobre o papel da crise no uso de práticas de controle gerencial
Palavras-chave: Startups; Sistemas de Controle Gerencial; Práticas de Contabilidade Gerencial;
Crise; COVID-19.
Estudos anteriores analisaram pequenas empresas e startups quanto ao uso de Sistemas de
Controle Gerenciais (SCGs) e/ou Práticas de Contabilidade Gerencial (PCGs), mas não tiveram a
oportunidade de discutir tais resultados em um contexto de crise econômica e de saúde. O
presente estudo, portanto, avança nesse sentido, tendo como base a Teoria de Contingência, e
objetivando analisar como as startups têm utilizado sistemas de controle gerencial em
períodos de crise econômica. Por utilizar uma abordagem qualitativa, fazendo uso de
entrevistas, o estudo conseguiu encontrar as motivações para o uso, seja na forma de adoção
ou intensificação, de SCGs em startups. As empresas representadas por esse estudo são
startups que possuem uma base tecnológica para operacionalização de seu negócio e tiveram
sua fundação em um período pré-pandêmico, sendo representadas por entrevistados(as) que
tinham o perfil de influência no processo decisório (ex.: CEO, COO, sócio-fundador, entre
outros). Os resultados obtidos foram alcançados por meio de uma análise temática, através de
codificação e categorização dos temas emergentes. Os principais resultados encontrados
sinalizam que a crise é um fator externo à organização e que desempenha influência nas
características organizacionais, sendo identificadas como fontes de financiamento (fator
externo à organização), crescimento (estágio de ciclo de vida organizacional) e tamanho, sendo
essas duas últimas fatores internos à organização, sendo esses os principais influenciadores na
adoção de SCGs, com maior destaque às fontes de financiamento, majoritariamente obtido em
rodadas de investimentos. Ademais, foi possível compreender que a crise ocasionou mudanças
organizações, as quais promoveram oportunidades para os negócios (a exemplo da promoção
da escalabilidade do produto e adaptabilidade ao ambiente digital e remoto), assim como
desafios (como a redefinição de produtos e serviços prestados, a alta rotatividade do time e
um cenário de incerteza do pós-crise). Conclui-se, portanto, que a crise é um propulsor de
mudanças organizações, mas que ela, isoladamente, não é o fator que está diretamente
relacionado ao uso de SCGs, visto que tais organizações estão sob constantes crises por
estarem inseridas em um cenário de incerteza.