DESENVOLVIMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE POLÍMEROS A BASE DE POLICAPROLACTONA (PCL) E PÓ DE GENGIBRE COM PROPRIEDADE PROTEOLÍTICA
Policaprolactona; gengibre; enzima proteolítica; Zingibaína.
Conforme as tecnologias evoluem, funções diferentes das convencionais são exigidas aos materiais plásticos. Nesse sentido, é crescente a demanda por novos polímeros com funções específicas, e uma forma de adicionar essas funcionalidades aos polímeros é a partir do uso de aditivos naturais, como o gengibre, por exemplo. Os rizomas de gengibre (Zingiber officinale) contêm substâncias com diversas propriedades de interesse, incluindo enzimas com atividade proteolítica, chamadas de Zingibaína. A interação de enzimas com polímeros pode possibilitar que funções biológicas sejam transferidas para os materiais poliméricos e trazer funcionalidade aprimorada para esses materiais. No presente estudo, a técnica de extrusão foi utilizada para adicionar o pó de gengibre ao polímero biodegradável Policaprolactona (PCL), com o objetivo de desenvolver um polímero funcional com propriedade proteolítica, utilizando a protease do pó de gengibre (Zingibaína) como agente proteolítico e o PCL como matriz polimérica. Os materiais desenvolvidos foram caracterizados pelas técnicas de espectroscopia de infravermelho com transformada de Fourier (FTIR), análise termogravimétrica (TGA), calorimetria diferencial exploratória (DSC), ensaio mecânico e microscopia eletrônica de varredura (MEV). Ademais, foi avaliada a presença de atividade proteolítica nos polímeros formados. Os resultados indicaram a viabilidade do uso do processamento por extrusão para incorporar no polímero a protease presente no pó de gengibre, onde as três composições estudadas apresentaram atividade proteolítica. A análise de FTIR indicou que o material da matriz foi preservado após a adição do pó de gengibre. As análises térmicas de TGA mostraram que a formulação de PCL com 3% do pó de gengibre apresentou comportamento semelhante ao PCL puro. Todavia, as formulações com 5% e 7% de gengibre apresentaram uma diminuição de aproximadamente 7,0°C e 7,5°C, respectivamente na temperatura inicial de degradação. Já os resultados do DSC mostraram que as concentrações utilizadas não produziram mudanças térmicas relevantes nessas propriedades. Os ensaios de tração mostraram que o módulo elástico não variou significativamente em nenhuma das composições estudadas. Já os valores de tensão na ruptura e deformação na ruptura diminuíram para as amostras com 5% e 7% do pó de gengibre, corroborando com as imagens de MEV. Portanto, com este estudo foi possível desenvolver um polímero funcional, trazendo as funções biológicas das enzimas presentes no pó de gengibre para a matriz de PCL, sem grandes modificações nas propriedades da matriz, ampliando, dessa forma, as aplicações desse poliéster biodegradável.