Habitação social e desenho urbano: a contribuição de Héctor Vigliecca em São Paulo entre 2009-2018
Desenho urbano, habitação social, arquitetura brasileira contemporâena, urbanismo brasileiro contemporâneo
Os dois últimos programas federais de habitação social no Brasil em larga escala – Banco Nacional de Habitação (1965-1985) e Minha Casa Minha Vida (em vigor) -, pensados como solução para o déficit de moradias, apesar de terem alcançado números significativos de exemplares construídos ao longo de todo território nacional, foram alvo de duras críticas. A falta de relação com o tecido urbano, a localização distante dos grandes centros, ausência de infraestrutura adequada e a monotonia arquitetônica são alguns dos pontos destacados.
Paralelamente, alguns municípios tem se destacado logrando respostas a nível local, através do incentivo das prefeituras e secretarias de habitação, como no caso da cidade de São Paulo. Essas iniciativas vem permitindo a produção de habitações de interesse social com maior liberdade de exercício em parceria com alguns escritórios de arquitetura locais. À luz do que trata a disciplina de Desenho Urbano, tais projetos trazem à tona o desafio de projetar grandes estruturas em áreas urbanas já consolidadas com o intuito de amenizar os números do déficit de moradias, bem como responder com novos exercícios e metodologias às críticas já levantadas historicamente.
Nesse sentido, partindo-se da premissa de que o fazer arquitetônico contemporâneo pode contribuir para o desenvolvimento de melhores conjuntos e o aprimoramento da relação entre habitação social e cidade, esta pesquisa busca identificar as estratégias projetuais recentes utilizadas por um dos “arquitetos do social” com produção notável em São Paulo: Héctor Vigliecca. Para tal, serão estudados, com maior ou menor detalhe, alguns dos conjuntos desenvolvidos entre os anos 2009 e 2018, buscando examinar questões como a ocupação da quadra e a relação entre cheios e vazios, uso público e privado, a preservação de edifícios históricos, a relação entre volumes propostos e edifícios existentes, a qualidade da paisagem e a necessidade de se considerar as questões sociais locais.