HETEROTOPIAS HOMOAFETIVAS: TERRITÓRIOS QUEER NA CIDADE DO RECIFE (1960-2010)
Recife; Queer; Territórios queer; História queer; LGBT.
Estudos anteriores realizados por diversos pesquisadores de diversas áreas (SILVA, 2011; NOVENA et al., 2012; BRAÚNA, 2016), entre elas da arquitetura e do urbanismo (GONÇALVES, 2017), evidenciam superficialmente deslocamentos intraurbanos de sociabilidades, de referência e de trocas afetivas e sexuais de dissidentes na história recente da cidade do Recife, assim como transformações e legados inerentes às suas ocupações (que vão desde inusitados cenários boêmios até lugares ermos e abandonados). Estes fatores podem evidenciar uma série de aspectos relevantes para apreender os espaços urbanos ocupados por essa parcela marginalizada e trazer para o conhecimento público a existência de tais recantos dissonantes muitas vezes ignorados e/ou direta ou indiretamente suprimidos pela parcela da sociedade normativa. Dito isso, o objetivo geral da pesquisa reside na busca por reconstituir a dinâmica urbana dos territórios queer na cidade do Recife entre as décadas de 1960 e 2010 através da identificação de suas ocupações no ambiente urbano nos diferentes contextos sociais, culturais, históricos e morfológicos aos quais pertenciam a comunidade queer e a capital pernambucana no decorrer do recorte temporal. Para se alcançar o objetivo desta investigação será necessário trabalhar com dados de natureza diversa e aplicação de vários métodos de coleta de dados como por exemplo identificar e entrevistar personagens queer usuários dos espaços de sociabilidade e afetividade da cidade do Recife nas diferentes épocas do recorte temporal; identificar e analisar registros autobiográficos, ficcionais ou audiovisuais de referência à compreensão das grandes transformações do universo queer do Recife, como por exemplo a obra autobiográfica Orgia de Tulio Carella, e tradução de Hermilo Borba Filho; mapear os espaços citados pelos entrevistados e identificados nos registros para realização de observação de campo e, por fim, levantar historicamente estes locais através de referências bibliográficas, visita a bibliotecas, trabalhos acadêmicos publicados, arquivos públicos, e coleções de jornais e revistas do período. Já foram identificados e entrevistados oito usuários de espaços queer na cidade do Recife dentro do recorte temporal. As conversas já foram transcritas e contarão no corpo da pesquisa para embasamento das ideias levantadas.