UMA ANÁLISE SISTÊMICO-FUNCIONAL DA ECLESIOLOGIA DO PAPA FRANCISCO: A CONTRIBUIÇÃO DOS PROCESSOS MENTAIS
Linguística Sistêmico-Funcional; Sistema de Transitividade; Processos Mentais; Papa Francisco; Discurso Religioso.
Esta pesquisa respalda-se no aporte téorico-metodológico criado por Halliday (1985) e desenvolvido por Halliday e Matthiessen (2014) e seguidores no Brasil e no mundo. Seu enfoque é analisar discursos do Papa Franciso à luz da LSF, investigando, mais detidamente e em correlação com os contextos de Cultura e de Situação, a contribuição dos Processos Mentais, constitutivos do Sistema de Transitividade, para a construção do significado geral dos discursos que compõem o corpus. Objetiva-se, dessa maneira, estudar como se dá o processo de construção da Eclesiologia do Papa Francisco, mais especificamente, nos documentos Evangelii Gaudium (2013) e Laudato Si (2015), nos quais o Pontífice estabelece relações não somente com católicos, mas também com a sociedade civil, visto que os documentos oficiais da Igreja Católica são lidos por milhões de pessoas em todo o mundo. A coleta dos Processos Mentais, para posterior classificação e análise, foi realizada com o apoio do software Wordsmith Tools, desenvolvido em 1996, por Mike Scott, com o qual localizamos os radicais dos Processos Mentais inseridos em uma porção textual significativa para entendermos seu contexto léxico-gramatical e semântico-discursivo. A classificação dos Processos Mentais foi realizada dentro dos moldes sistêmicosfuncionais, porém, seguindo mais de perto, o quadro apresentado por Fuzer e Cabral (2014), que apontam quatro tipos de Processos, a saber: Cognitivos, Desiderativos, Emotivos e Perceptivos. A análise realizada revelou um maior número de ocorrências dos Processos cognitivos, o que nos parece tornar evidente a busca por uma linguagem referencial, em diálogo com outras áreas do conhecimento, inclusive, o científico, no intuito de conversar tanto com católicos, quanto com a com a sociedade civil, que inclui pessoa de diferentes credos. Além disso, as análises possibilitaram compreender que a escolha dos Processos Mentais utilizados, nos discursos do Papa Francisco por nós investigados, não foi aleatória, mas sim cumpriram, e cumprem, uma função léxico-gramatical semântico-discursiva própria na consecução dos propósitos comunicativos almejados pelo Sumo Pontífice em sua Eclesiologia.