OS SINAIS DA CONVERSÃO: O MOVIMENTO DO CRISTIANISMO DA LIBERTAÇÃO NA DIOCESE DE PROPRIÁ-SE (1960-1991)
Diocese de Propriá. Ditadura Militar. Modernização Conservadora. Cristianismo da Libertação.
As relações entre religião e política na América Latina foram profundamente alteradas entre o final da década de 1950 e início da década de 1960. No plano político, a Revolução Cubana de 1959 projetou para o futuro do continente um novo horizonte de expectativas. As ideias disruptivas ganharam um lugar privilegiado no xadrez político e social. No plano religioso, a abertura do Concílio Vaticano II, no ano de 1962, admitiu para a Igreja Católica a sua abertura e atualização diante dos dilemas do mundo moderno. Teologias, antes vítimas da censura vaticana, passaram a ser reabilitadas e o engajamento cristão na sociedade foi encorajado. A Igreja na América Latina foi decisivamente influenciada por essas mudanças, ao ponto de se converter num dos principais canais de oposição aos modelos político-econômicos instaurados no continente. Esta tese pretende esmiuçar o caso particular da diocese sergipana de Propriá em meio a essas mudanças de lugar político, social e religioso da Igreja latino-americana. A análise desse caso particular aparece como uma necessidade a fim de captar com maior precisão a totalidade da alteração das relações entre religião e política no continente. O marco temporal contempla quatro décadas, entre a de 1960 e a de 1990, dada a motivação em esquadrinhar o período que vai da conversão diocesan a ao cristianismo da libertação latino-americano à desaceleração do ímpeto reformador que guiou a maioria do seu clero. Dividida em sete capítulos, a tese procurou dar novos contornos à compreensão dos impactos que mudanças nas relações entre religião e política puderam e podem provocar na sociedade contemporânea.