O MAU GOVERNO DAS GENTES
Capitães-mores e governadores na Capitania da Paraíba (c.1707 - c.1750)
Capitão-mor de capitania; Governador de capitania; Capitania da Paraíba; século XVIII.
Esse trabalho tem como proposta se inserir em uma renovação de estudos sobre as dinâmicas e estruturas políticas com o objetivo de analisar a administração colonial da Capitania da Paraíba durante a primeira metade do século XVIII, problematizando as dinâmicas do poder, assim como o desenvolvimento de estratégias, alianças e negociações interétnicas dos capitães-mores e governadores da dita capitania no exercício de sua função, partindo da concepção de que essas relações eram fundamentais para compreender as práticas políticas. Analisar as governabilidades dentro Império português, especificamente na capitania da Paraíba permite a construção de uma entidade política com proporções transoceânicas ou pluricontinentais, que por muito tempo foi desprezada pelos estudos mais estruturais e economicistas. Defendendo que o estudo da história política não deve renunciar à dinâmica socioeconômica, nem negligenciar os conflitos que moldaram o espaço e os poderes, pois são essas narrativas que nos permitem visualizar as várias facetas político-administrativas no ultramar. As atuações e trajetórias dos capitães-mores e governadores são uma importante ferramenta para discutir o poder local e seus arranjos, sobretudo, pelas manifestações dos administrados frente a atuação dos administradores régios. Para tanto, as principais fontes documentadas utilizadas foram, predominantemente, os documentos avulsos e em códices do Arquivo Histórico Ultramarino, no âmbito do Conselho Ultramarino, bem como os documentos contidos no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, a fim de examinar como se colocavam os elogios e as queixas contra os administradores. Por fim, verificou-se que as tramas reais evidenciam o caráter dinâmico das administrações da capitania e as relações entre os diversos protagonistas históricos consubstanciadas em uma ampla rede de articulação, nas quais as condutas misturavam-se com os interesses pessoais. Logo, para além do desejo de informar sobre um bom ou mau governo, escondiam-se as estratégias para manter privilégios e prejudicar seus opositores. Dessa forma, os agentes coloniais devem ser compreendidos como sujeitos posicionados para ação.