“A Covid tá bem, a gente é que não tá”: Intensivistas da linha de frente em um hospital de referência para Covid-19 na cidade do Recife revisitando o passado e antecipando o futuro
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A pandemia da Covid-19 atingiu os serviços de saúde brasileiros, ocasionando a uma sobrecarga no sistema de saúde que levou a altos índices de sofrimento psíquico de seus trabalhadores. A vivência destes profissionais da incerteza acerca do porvir vem sendo destacada na literatura. Este horizonte impreciso é justamente o que convoca a pensar sobre como o futuro se apresentará e como nos situaremos nele; as complexidades e incertezas da vida levam ao imaginar, para explorar possibilidades e alternativas como forma de preparação para eventos no mundo real. Pela imaginação, o sujeito se projeta para além do aqui-e-agora, como ao imaginar a vida antes e após uma catástrofe, por exemplo. Assim, lançamos a seguinte questão: como profissionais de saúde, intensivistas da linha de frente em um hospital de referência para Covid-19, imaginam seu futuro profissional? A presente pesquisa tem como objetivo geral investigar como os intensivistas expandem sua experiência e antecipam o seu futuro profissional. O estudo será qualitativo, de caráter idiográfico e se dará em um hospital filantrópico da cidade do Recife. Participarão desta pesquisa intensivistas, de diferentes profissões, que atuam ou atuaram em UTIs para pacientes com a Covid-19. Acontecerão 4 encontros on-line, sendo utilizados um questionário sociodemográfico e entrevistas semiestruturadas. Os dados serão analisados à luz do referencial teórico dos estudos que tratam sobre a imaginação sob uma perspectiva sociocultural. Utilizaremos categorias analíticas considerando as dimensões do ciclo imaginativo e suas dimensões de temporalidade, generalidade, plausabilidade e corporeidade propostas por Zittoun e Cerchia (2013), Zittoun e Gillespie (2016) e Gfeller e Zittoun (2021). Além disso, também articularemos a discussão dos dados com estudos do campo da psicologia da saúde e do trabalho.