Análise do sistema carbonato e do estado trófico dos recifes da APA Costa dos Corais/Alagoas: Uma abordagem sazonal e experimental.
eutrofização; acidificação oceânica; alcalinidade total; calcificação; recifes tropicais; nutrientes
Os ambientes recifais são um dos ecossistemas mais produtivos e biodiversos do mundo, com grande importância ecológica e socioeconômica. Entretanto, estão constantemente susceptíveis aos impactos de escala global, como a acidificação oceânica (AO), e local, como a eutrofização. O monitoramento dos parâmetros abióticos dessas regiões e a aplicação de metodologias visando mitigar esses efeitos são cada vez mais essenciais. Diante disso, o presente trabalho apresentou como objetivos principais: Analisar a dinâmica sazonal do sistema carbonato e estado trófico em regiões recifais da Área de Proteção Ambiental Costa dos Corais (APACC), verificando a influência dos aportes continentais superficiais e subterrâneos; avaliar as respostas do metabolismo recifal diante de um experimento in situ de alcalinização. Águas superficiais dos recifes e rios, e águas intersticiais da linha de costa foram coletadas mensalmente ao longo de um ano, e posteriormente, um experimento de reversão da AO foi realizado em um recife da APACC. Os resultados mostram que a área recifal estudada é considerada oligotrófica, com a boa a ótima qualidade de água durante o ano todo e com condições favoráveis às atividades biológicas, como por exemplo, à calcificação. A clorofila-a da zona recifal foi significativamente correlacionada com a salinidade e radônio em excesso, indicando, respectivamente, a influência dos rios e da submarine groundwater discharge (SGD) na região, principalmente durante o período chuvoso, sendo assim, importantes fontes de nutrientes para a costa. No entanto, sinais de eutrofização foram registrados tanto nos rios, como nas águas intersticiais, caracterizando potenciais ameaças para os recifes. Além disso, com o experimento, o aumento do pH elevou 205.27 µmol kg-1 nos valores da alcalinidade total e 50% nos níveis de saturação de aragonita (Ωar) da zona recifal. Isso mostrou que a alcalinização em escala local influencia positivamente no sistema carbonato, podendo mitigar os efeitos da AO, e que o frequente monitoramento dos parâmetros abióticos de regiões recifais possibilita a identificação e caracterização de estressores ambientais.