Desenvolvimento e caracterização de sistemas de liberação nanoparticulados destinados à administração oral de enoxaparina sódica
Biomacromoléculas; Sistema de liberação de fármacos; Heparina de baixo peso molecular; Nanopartículas poliméricas; Nanotecnologia.
A enoxaparina é uma molécula biológica efetiva para prevenção e tratamento de distúrbios da coagulação. No entanto, ela é pouco absorvida no trato gastrointestinal. Ela está disponível apenas como solução aquosa parenteral (por via intravenosa ou subcutânea), o que limita sua aplicabilidade clínica. Além disso, ela é inativada em meio ácido e apresenta baixa permeabilidade através da parede intestinal devido ao seu alto peso molecular, sua hidrofilicidade e sua alta carga negativa e, consequentemente, baixa biodisponibilidade oral. Vários sistemas de liberação de fármacos a base de enoxaparina têm sido explorados para melhorar sua eficácia terapêutica e reduzir sua toxicidade oral, incluindo lipossomas, micropartículas, sistemas de liberação de fármacos autoemulsionáveis e nanopartículas poliméricas. O desenvolvimento de uma formulação oral efetiva de enoxaparina seria essencial para a terapia anticoagulante prolongada em condições crônicas, pois superaria os inconvenientes das injeções diárias (por exemplo, dor associada à agulha, infecções, hospitalização, hematomas etc.), reduzindo os efeitos colaterais e, assim, melhorando a adesão do paciente ao tratamento. O objetivo deste trabalho foi desenvolver e caracterizar sistemas de liberação nanoparticulados destinados à administração oral de enoxaparina sódica. Desenvolvemos nanopartículas núcleo/coroa de quitosana revestidas com Eudragit® L100 para administração oral de enoxaparina através de um método completamente ecológico sem empregar nenhuma técnica de homogeneização de alta energia e quaisquer solventes orgânicos. Nanocarreadores esféricos foram preparados com sucesso, com tamanho de partícula menor que 300 nm, índice de polidispersão em torno de 0,12 e potencial Zeta maior que +25 mV, eficiência de encapsulação maior que 95% e comportamento de liberação in vitro que indica a boa estabilidade coloidal e o sucesso do revestimento com Eudragit® L100, processo demonstrado pela liberação cumulativa de enoxaparina insignificante (<10%) quando as partículas são submetidas as condições de fluido gástrico simulado. Demonstramos que a estrutura núcleo/coroa da partícula influenciou o mecanismo de liberação do fármaco das formulações, mais uma vez indicando a presença do Eudragit® L100 na superfície das partículas. E por fim, as nanoformulações se mostraram não-tóxicas (viabilidade celular > 90%) e com atividade anticoagulante consistente. Esses resultados sugerem que a abordagem de revestimento entérico e a nanotecnologia de liberação de fármacos podem ser exploradas com sucesso como ferramentas potenciais para a liberação oral de enoxaparina.