AVALIAÇÃO DE BIOMARCADORES DE DANO CEREBRAL E ASSOCIAÇÃO COM SINTOMAS NEUROLÓGICOS E GRAVIDADE NA COVID-19
Biomarcador. COVID-19. NSE. Neurodegeneração. S100B
As manifestações neurológicas concomitantes à infecção pelo SARS-CoV-2 tem sido
comumente relatada durante a pandemia da COVID-19 e alertado a sociedade para
possibilidade de danos neurológicos associados. Para abordagens mais complexas
sobre as possíveis complicações neurológicas relacionadas à doença destaca-se a
análise de diversos biomarcadores descritos na literatura como a proteína B de ligação
ao cálcio (S100B) e enolase específica à neurônios (NSE). Frente a isso, o presente
estudo visou determinar os níveis sorológicos da S100B e NSE por ELISA em um
grupo de 141 indivíduos para COVID-19 e 36 controles saudáveis e correlacionar com
dados clínicos e demográficos dos grupos. Os grupos de estudo foram divididos entre o
grupo controle (G1), indivíduos positivos para a COVID-19 que apresentaram apenas
sintomas leves (G2) e os indivíduos positivos para COVID-19 que apresentaram um
quadro respiratório agudo com necessidade de internação na Unidade de Terapia
Intensiva (UTI) (G3). Foi realizado um estudo de seguimento com 23 pacientes do G2
após 14 (D14) e 21 (D21) após o início dos sintomas. Os níveis séricos de NSE e
S100B foram medidos usando o método de imunoensaio enzimático (ELISA). Os
resultados revelaram uma associação positiva significativa entre os pacientes G3 e a
expressão sérica de S100B (p = 0,0403). Os níveis séricos de NSE também foram
significativamente aumentados no grupo G3 em relação ao controle (p <0,0001) e ao
grupo G2 (p < 0,0001). Entretanto, nenhuma associação foi encontrada entre os
sintomas neurológicos e a expressão sérica de NSE ou S100B. Análises de associação
com o sexo demonstraram níveis séricos de NSE maiores para indivíduos do sexo
masculino quando comparados ao sexo feminino (p = 0.0473). O estudo de seguimento
demonstrou uma diminuição ao longo do tempo (21 dias) na expressão sérica de NSE
(p < 0,0001). Os resultados sugeriram que o dano cerebral é seguido por exposição
aguda ao vírus, sem efeitos a longo prazo. Trabalhos futuros examinando a
recuperação do COVID-19 esclarecerão os danos neurológicos crônicos da infecção
pelo COVID-19.