FATORES ASSOCIADOS AO DESENVOLVIMENTO INFANTIL EM CRIANÇAS
INTERNADAS POR CONDIÇÕES SENSÍVEIS À ATENÇÃO PRIMÁRIA
Condições Sensíveis à Atenção Primária. Educação em Saúde. Enfermagem. Desenvolvimento Infantil.
O desenvolvimento infantil é uma das fases cruciais do desenvolvimento humano. Interferências externas relacionadas às condições de vida podem influenciar de forma positiva ou negativa. A vigilância do desenvolvimento possibilita a criação e implementação de medidas promotoras do desenvolvimento, e contribui para um maior bem-estar para estas crianças. Um dos fatores externos que podem contribuir para o atraso do desenvolvimento infantil, são as internações em crianças menores de cinco anos, as quais podem estar relacionadas a condições sensíveis à atenção primária. Adicionalmente, o ambiente hospitalar é menos propício para oferecer à criança pequena, oportunidades que contribuem para o seu pleno desenvolvimento. A educação em saúde é uma ferramenta que pode ser utilizada pelo profissional de enfermagem no serviço hospitalar como forma de superar esta problemática, porém, é necessário identificar os fatores que interferem no desenvolvimento das crianças que vivenciam a internação hospitalar. O presente estudo teve o objetivo de analisar os fatores associados ao risco de atraso no desenvolvimento infantil de crianças internadas por condições sensíveis à atenção primária em um serviço de referência do Estado de Pernambuco. Estudo quantitativo, do tipo corte transversal, com 90 cuidadores de crianças menores de cinco anos, internadas por condições sensíveis à atenção primária à saúde em um hospital filantrópico da cidade do Recife – PE, no período de abril a agosto de 2022. Os dados foram coletados por meio de variáveis disponíveis no prontuário hospitalar, além de entrevista com os cuidadores por meio do instrumento Survey of Well- Being of Young Children, versão brasileira (SWYC-BR), e formulário que versava sobre os aspectos sociodemográfico da família e situação de
saúde da criança. A variável desfecho adotada foi risco para atraso do desenvolvimento infantil, segundo critérios do SWYC-BR. A análise dos dados foi realizada com o auxílio do Software SPSS, versão 21.0, sendo efetuadas análise bivariada e ajustada, por meio da regressão múltipla de Poisson com variância robusta, para verificação de possíveis associações entre as variáveis desfecho e preditoras (p < 0,05). A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFPE (CAEE: 52665821.2.0000.9430, Parecer: 5.314.508) e IMIP (CAEE: 52665821.2.3001.5201, Parecer: 5.307.573). Participaram do estudo 90 cuidadoras de crianças menores de cinco anos, que acompanhavam seus filhos durante o período de hospitalização. A maioria tinha entre 24 e 44 anos de idade (56,7%), auto referiram-se pretas ou pardas (72,2%) e possuíam renda familiar de um salário mínimo mensal (63,4%). Entre as crianças, predominaram as do sexo masculino (53,3%), pretas ou
pardas (70%), com idade de 1 a 36 meses (86,7%). Quanto às principais causas de ICSAP, identificou-se a pneumonia (33,3%), gastroenterite (14,3%) e infecções de vias aéreas superiores (17,8%). A frequência de risco para atraso do desenvolvimento infantil foi de 22,2%, sendo associado ao baixo peso ao nascer (RP: 1,17), alterações do comportamento da criança (RP: 1,14), mãe com dois filhos (RP: 1,18) e residir em local sem saneamento básico (RP: 1,19). Os resultados do presente estudo podem contribuir para a vigilância do desenvolvimento infantil, com ações educativas do enfermeiro na atenção primária e nos serviços hospitalares. Estas precisam ser fomentadas em conjunto com ações intersetoriais de suporte às crianças e famílias, que vivem em condições desfavoráveis.